Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 83

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O
Correio da Manhã
registrou a atenção dedicada à Copa: “Todas as atividades do
futebol, notadamente, carioca e paulista, estão dependendo do campeonato do Mundo que
se realizará, este ano em Paris [...] A taça do Mundo é que prende a atenção de todos” (A
CBD..., 1938, p. 7). O leitor dos jornais da época depara-se, a cada página, com muitos
textos de confiança e apoio.
Porém,
O Estado de S. Paulo
, tal como fizera em 1934, atestava que a preparação
do selecionado brasileiro não foi realizada com o necessário cuidado e tampouco com o
tempo necessário de entrosamento, repetindo falhas de campeonatos precedentes (O
PRIMEIRO..., 1938, p. 14), questões que eram minimizadas graças às propagandas
positivas em torno da seleção.
Este jornal, mesmo sob a vigilância do Estado Novo,
continuou a fazer oposição e, antes da Copa, não poupou críticas aos dirigentes do esporte,
que eram figuras importantes do governo, caso de Luís Aranha, dirigente geral da CBD.
Apenas no dia 06 de abril foram escolhidos os vinte e dois jogadores,
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ou seja, dois
meses antes do primeiro jogo da seleção, que ocorreu no dia 05 de junho. O jornal criticou,
ainda, a escolha de Caxambú para a preparação da seleção, sob o argumento de que o
clima dessa cidade era muito diverso do francês, o que não prepararia, de fato, os jogadores
para as situações que encontrariam (A REPRESENTAÇÃO..., 1938, p. 5).
O
Correio da Manhã
alertou que era hora de começar o preparo, lembrando que, em
1934, o Brasil o fez de última hora. Se o resultado do jogo fora grandemente influenciado
pelo juiz, alertava-se que, para um time bem preparado, era difícil que enganos alterassem o
resultado final
(ESTÁ NA HORA..., 1938, p. 10).
Entretanto, quanto mais a Copa se aproximava, mais as notícias exaltavam a equipe
brasileira, a todo o momento apresentada como tendo grandes chances de vencer, pois tudo
fora feito para que a seleção representasse dignamente o país. Os treinos aqui realizados
lotaram os estádios da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, onde se realizou o último treino,
em São Januário, a 28 de maio, quando o selecionado azul venceu o branco, partida
decisiva para se decidir a escalação oficial.
Antes mesmo da primeira partida, os jogadores já eram exaltados como heróis, de
acordo com José Murilo de Carvalho (1990, p. 55): “Heróis são símbolos poderosos,
encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação coletiva.
São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a
serviço da legitimação de regimes políticos.” A propaganda foi tão intensa que a seleção já
era vista como uma das favoritas antes de embarcar à França, expectativas que não se
baseiam em fatos, nem probabilidades, já que o Brasil nunca havia ganhado nenhum torneio
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De acordo com Mazzoni (1950, p. 273), 10 da seleção que havia disputado a Sul-Americana, 7 de clubes que haviam
pertencido à LCF mais 3 do Rio e 2 de São Paulo, a seleção ficou assim constituída: Seleção Azul (titular): Batatais, Domingos
e Machado; Zeze Procopio, Martin e Afonso; Lopes, Romeu, Leonidas, Peracio e Hercules; Branco (reservas): Valter, Jaú,
Nariz; Brito, Brandão, e Argemiro, Roberto, Luizinho, Niginho, Tim e Patesko.
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