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Itália fascista de Mussolini, marcada por intensas propagandas governamentais, que
resultou, novamente, na vitória do time local.
No Brasil, a década de 1930 foi marcada por intensas transformações, tendo subido
ao poder, como chefe provisório, Getúlio Vargas, após a Revolução de Outubro. O futebol
não ficou de fora da onda de transformações, a principal delas foi a profissionalização do
esporte. Em 1931, Vargas incluiu o jogador de futebol entre as profissões que deveriam ser
regulamentadas pela legislação trabalhista, além disso, o Brasil perdeu vários jogadores
para o exterior em busca de melhores condições, e com a inserção das classes menos
favorecidas nesse esporte, a situação ficou insustentável. Porém a Confederação Brasileira
de Desportos (CBD), entidade máxima do futebol brasileiro e única reconhecida pela FIFA,
continuava amadora, ao passo que a Federação Brasileira de Futebol (FBF), que reunia os
melhores clubes, tornou-se profissional. Foi nesse clima de rivalidade que se efetuou a
Copa do Mundo de 1934, a primeira pós-profissionalismo.
Foi justamente na década de 1930 que essa prática esportiva entrou no cotidiano de
diversos setores da sociedade e aqui reside sua significação mais profunda, que
transformou o futebol num fenômeno de massas (FRANCO JUNIOR, 2007, p. 62), cujas
representações podem assumir múltiplos significados (BARROS, 2005, p. 131). É nesse
sentido que se compreende a importância da imprensa, então um dos principais veículos, ao
lado do rádio, de informação e até mesmo de formação da opinião pública (ANTUNES,
2004, p. 20). Afinal, o futebol entrava na contabilidade dos donos de jornais que disputavam
o mercado, não muito extenso, de leitores em potencial que poderiam aumentar suas
vendagens.
Em 1934, o torneio competia com as notícias sobre a Constituinte, que se reuniu,
pela primeira vez, em novembro de 1933, e cujos trabalhos se estenderam até julho do ano
seguinte, quando foi promulgada a nova Carta. Os rumos do país estavam sendo decididos
pelos deputados, razão pela qual todas as atenções voltavam-se para as discussões em
curso no Palácio Tiradentes. Somente em maio os matutinos começaram a demonstrar
alguma preocupação com a formação do selecionado, tema acompanhado da questão do
profissionalismo, que continuava a dividir opiniões.
O
Correio da Manhã
se opunha ao profissionalismo, sob o argumento de que o
futebol brasileiro não estava preparado para tal mudança. Argumentava-se que o objetivo da
medida era conter o êxodo dos jogadores e gerar receitas, resultados que, segundo o
matutino, não se efetivaram, pois muitas equipes estavam falidas (CRÔNICA, 1934a, p. 11).
Raul Campos, presidente da LCF, liga profissional do Rio de Janeiro, em entrevista
concedida ao jornal
O Globo
, rebateu as críticas dos amadores, alegando que os resultados
esperados pelos profissionais, em termos de receitas, foram alcançados: