Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 315

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que foi publicado cientificamente. É preciso superar essa lacuna que se apresenta com
frequência na pequena bibliografia sobre o tema.
A Psychanalyse brasileira
Para entendermos como foi o lançamento e, sobretudo, a não continuidade da
publicação da
Revista Brasileira de Psychanalyse
a partir de 1928, percebemos a
necessidade de demonstrar as principais discussões e publicações das ideias, das teorias
ou de projetos psicanalíticos durante os primeiros passos que a jovem ciência de Freud
tomava no Brasil durante as décadas de 1910 e 1920, quando da institucionalização da
Psicanálise brasileira e os reveses que essa jovem ciência sofreu em seu início no Brasil.
Um dado interessante a perceber – no que se tem publicado sobre o início da
Psicanálise no Brasil pelos psicólogos e, em especial, pelos psicanalistas – é quem
realmente iniciou a teoria de Freud e suas discussões e publicações em terras brasileiras. O
debate por esse mérito se dá entre psicanalistas de São Paulo e Rio de Janeiro.
4
Para além
desse debate, nos limitaremos, aqui, em descrever quais publicações foram feitas entre as
décadas de 1910 e 1920 que colaboraram para a institucionalização da Psicanálise no Brasil
e qual o papel de destaque da
Revista Brasileira de Psychanalyse
neste processo.
Encontramos, no debate historiográfico sobre o início do movimento psicanalítico
brasileiro, uma polêmica em torno da diferença entre precursores e pioneiros das primeiras
citações, referências, palestras e publicações sobre a Psicanálise no Brasil. Os precursores
eram os estudiosos da teoria psicanalítica comumente médicos e psiquiatras que estudavam
e enfatizavam o tema sexualidade e ficavam, portanto, mais no plano teórico e especulativo,
ao passo que os pioneiros já se interessavam pela prática clínica e a formação didática do
psicanalista. Entre os precursores da Psicanálise, podemos destacar Juliano Moreira,
Franco da Rocha e Genserico de Souza Pinto.
Durante os anos 1910 termina o período de isolamento de Freud, isto é, período em
que Freud ainda erguia as bases de sua jovem ciência. Passado esse período, foi se
criando um sistema e uma estrutura independente da Psicanálise em torno de Freud e seus
discípulos vienenses e outros europeus. O primeiro passo foi a fundação da Sociedade de
Psychanalyse de Viena e depois foram criando algumas Sociedades em Budapeste, Zurich
e Londres. Esse fenômeno também se desenvolveu no Brasil, mas mais tardiamente, na
década de 1920.
4
GALVÃO, L. de A. P. Notas para a História da Psicanálise em S. Paulo.
Revista Brasileira de Psicanálise
, vol. 1, n. 1. São
Paulo: Editora Itacolomi S/A, 1967; MARTINS, C. Contribuição ao Estudo da História da Psicanálise no Brasil.
Revista
Brasileira de Psicanálise,
vol. X, nº 2. São Paulo: Rumo Gráfica Editora Ltda
.
1976; PERESTRELLO, M.
História da Sociedade
Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro: suas origens e fundação.
Organização de Marialzira Peretrello. Rio de Janeiro:
Imago, 1987; SAGAWA, R. Y.
Durval Marcondes.
Rio de Janeiro: Imago Ed., Brasília, DF: CFP, 2002; OLIVEIRA, C. L. M. V.
de.
História da psicanálise – São Paulo (1920-1969).
Trad. da autora. São Paulo: Escuta, 2005.
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