Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 319

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Valladares, em
A historiografia sobre o movimento psicanalítico no Brasil
(OLIVEIRA, 2002,
p. 144-153), homenageia o psiquiatra Júlio Pires Porto-Carrero por ser o iniciador da
historiografia da psicanálise no Brasil ao apresentar no Relatório da Secção de Psicanálise,
durante o III Congresso Brasileiro de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal de 1929, o
texto “Contribuição Brasileira à Psicanálise”.
O Relatório de 1929, escrito em estilo positivista típico da época, registra
exclusivamente os acontecimentos que marcaram os primeiros 15 anos de
difusão das teses freudianas no Brasil. Através dele ficamos sabendo que
elas circularam por alguns dos principais centros urbanos do país: Rio de
Janeiro, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, com ecos chegando a Vitória no
Espírito Santo.
(OLIVEIRA, 2002, p. 145).
Para Oliveira (2002), o Relatório de 1929 é um texto de referência obrigatória para o
trabalho historiográfico da Psicanálise, importante para entendermos os anos entre 1915 e
1937, época, para ela, da recepção e difusão das ideias psicanalíticas. Por outro lado, a
preocupação com a divulgação das ideias psicanalíticas e os passos efetivos para a
institucionalização da Psicanálise brasileira teriam sua gravitação em São Paulo, em torno
da luta e da história de vida de Durval Marcondes. Para Sagawa (2002), Durval Marcondes
foi o pioneiro, o bandeirante da Psicanálise brasileira.
Tudo começou com a leitura de artigo no jornal
O Estado de S. Paulo
sobre
sonhos, feita por um estudante de Medicina. O artigo
Do delírio em geral
”,
do professor Francisco Franco da Rocha, foi publicado em 20 de março de
1919 e extraído da aula inaugural de sua cátedra na Faculdade de Medicina
de São Paulo. O estudante era Durval Bellegarde Marcondes, em seu
primeiro ano acadêmico.(SAGAWA, 2002, p.15).
Em 1924, Durval Marcondes tornou-se médico e já tinha definido seu interesse
profissional e científico: a clínica psicanalítica. Abriu seu consultório particular e começou a
aplicar de forma autodidática a Psicanálise. Mariazilra Perestrello, no entanto, contraria essa
posição e argumenta: “Pensou ele ter sido o primeiro a ter essa iniciativa, mas minhas
pesquisas levaram-me a poder afirmar ter sido Porto-Carrero” (PERESTRELLO, 1987, p. 14).
E, mais adiante, segue defendendo a iniciativa clínica de Porto-Carrero, em 1924: “Em maio
cria-se a clínica psicanalítica na Liga Brasileira de Higiene Mental. Teria sido ele chefe? Não
consegui a informação” (PERESTRELLO, 1987, p. 14). Refutando este tipo de informação
sem fonte e evidência histórica, Sagawa (2002) reafirma a primazia de Durval Marcondes na
clínica psicanalítica brasileira:
Exceto evidência histórica contrária a essa constatação, o consultório
particular de Durval Marcondes constituiu-se na primeira clínica psicanalítica
no Brasil e, quem sabe, na América Latina. Além do mais, teve longevidade,
sem qualquer interrupção, num período em que não teve pares e lutou
muito pouco para manter ativa sua clínica e conquistar credibilidade
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