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sucessos ou derrotas em terras africanas. O discurso empreendido nos textos que
abordavam as questões africanas, na maioria das vezes, enaltece as ações dos
portugueses na África, mostrando os benefícios dessas empreitadas para Portugal e para as
próprias colônias. Além disso, apresentam os soldados expedicionários de modo idealizado,
como verdadeiros heróis, descendentes dos grandes descobridores marítimos: “aparte o
prestígio que os portugueses têm na África, a resistência, a sobriedade e a disciplina do
soldado português não tem outra que se lhe compare, e é assim que o nosso exército hoje
continua as tradições d’outros tempos que foram glória para Portugal.” (NOSSAS
GRAVURAS, 10 set. 1902, p. 194). Desta forma,
O Ocidente
contribuiu para instruir o leitor
sobre as políticas imperialistas, colaborando para o imaginário da época, de que uma das
soluções para o desenvolvimento de Portugal estava nas suas colônias da África.
Entre as seções presentes em
O Ocidente
destacam-se “
Seção Nossas Gravuras”
que apresentava gravuras e textos de conteúdos diversificados de grande interesse, a seção
“
Revista Política”
e a “
Questões Sociais”.
Os assuntos mundanos, artísticos, políticos e
referentes à sociedade eram tratados com graça e leveza na seção de mais destaque da
revista, denominada “
Crônica Ocidental”,
que a acompanhou do primeiro ao último
exemplar. A seção era assinada pelos diretores literários: Guilherme Azevedo foi o primeiro
e publicou de 1878 a 1880, quando deixou a revista para viver em Paris como
correspondente do jornal brasileiro
A Gazeta de Notícias
;
assumiu seu posto o dramaturgo e
jornalista Gervásio Lobato que permaneceu até sua morte em junho de 1895; coube então,
o cargo a João da Câmara que lá colaborou até seu falecimento em dezembro de 1907,
seguiu-se a ele Alfredo Mesquita (de 1908 a 1912) e Antônio Cobeira (de 1913 a 1915).
Tal era a relevância e o prestígio de
O Ocidente
que, por diversas vezes, a revista foi
premiada
em exposições nacionais e internacionais importantes, tais como: menção
honrosa, em 1878, na Exposição Universal de Paris; medalha de cobre na Exposição
Industrial Portuguesa, em 1888; medalha de cobre na Exposição Internacional de Antuérpia,
de 1894; diploma de honra na Exposição da Imprensa, em Portugal; medalha de cobre na
Exposição Universal de Paris, de 1900; e o
Grand-prix
, nas exposições Universais de São
Luiz, em 1904, e de Lovaina, em 1907.
Em 10 de julho de 1915, dezoito edições após anunciar, em 10 de janeiro de 1915,
renovações na parte artística, a introdução de novas seções como a de esporte e elegância
e maior destaque para as colunas “Vida Teatral” e “Crítica de Livros”, assim como, dar
ênfase para a divulgação de assuntos sobre a Grande Guerra,
O Ocidente
interrompe sua
publicação sem dar em suas páginas qualquer tipo de informação e aviso sobre a sua
interrupção. Alda Ribeiro (2009, p. 99), em seu estudo, afirma que, neste mesmo ano, em
razão do crescimento do ativismo monárquico, O
Ocidente
foi
indiciado pela prática de
favorecimento, num pronunciamento contra a República e a revista obrigada a declarar sua