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oferecer leitura prazerosa e moral, podendo entrar confiadamente no seio das famílias mais
honestas” (
O OCIDENTE,
30 dez. 1898, p. 8).
Logo no seu segundo número, a revista publicou em sua página inicial um retrato do
rei D. Luiz I, acompanhado pelo artigo “Sua majestade o Senhor D. Luiz I”, escrito por
Ramalho Ortigão, no qual o autor exalta a monarquia portuguesa, em especial D. Luiz I, por
sua atitude de complacência em comparação a outros governos despotistas da Europa: “A
monarquia foi quase sempre servida em Portugal por uma raça de bons homens, que nunca,
ou quase nunca, contribuíram com a sua ferocidade pessoal [...] O atual Soberano, o rei D.
Luiz tem sabido manter como poucos a tradição dinástica da brandura.” (ORTIGÃO, 15 jan.
1878, p. 10). Ademais desse discurso, os membros da família real, seus compromissos e
celebrações, eram sempre alvos de diversos artigos, notícias e gravuras publicados na
revista.
A inclinação da revista para os preceitos da religião católica pode ser constatada por
meio das várias gravuras, homenagens, biografias e necrologias de homens ligados à vida
clerical – missionários, padres, cônegos, bispos e o próprio papa –, por motivo de
nomeações, realização de eventos religiosos importantes e falecimentos. Nas páginas da
revista, ainda eram apresentadas notícias sobre romarias e festas religiosas, restauração de
igrejas e inauguração de santuários. O intuito religioso sobressai-se, também, pela
publicação de gravuras religiosas por ocasião das festas de Natal e Páscoa.
No século XIX, a África foi alvo da expansão e colonização europeia. Para esse
continente eram enviadas constantes expedições. Portugal, sobretudo depois que o Brasil
tornou-se um país independente (1882), passou a interessar-se pelas colônias africanas,
enviando grande número de expedições científicas e militares de modo a garantir suas
possessões de terras africanas e assegurar um novo império. Esse projeto tornou-se o
centro das ações do Estado e mobilizou a opinião pública, tornando a política imperialista o
orgulho nacional, portanto, assunto de grande curiosidade e interesse por parte dos leitores
da época.
Pensando nisso, já no seu Prospecto,
O Ocidente
anunciava uma dedicação
especial, por meio de textos e gravuras, à exploração portuguesa empreendida no interior
da África: “[...] toda a importância científica e todo o aspecto pitoresco da aventurosa
expedição geográfica, serão comemorados no
Ocidente
como um dos fatos mais saliente da
moderna vida nacional [...]” (PROSPECTO, 1877, p. 4). Corroborando com essa ideia, já no
Prospecto da revista é apresentada uma gravura com a imagem da catarata Blu-Blu, no
ribeiro Água Grande em S. Thomé.
No decorrer das publicações, a revista sempre trazia gravuras e textos sobre o povo
e os costumes das tribos africanas, assim como sobre as intervenções materiais dos
portugueses nas colônias e, em especial, notícias a respeito das novas expedições e dos