Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 306

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sobre as principais descobertas da ciência, expedições científicas, de maneira especial as
empreendidas na África, informações sobre o tempo, lições de fotografia, divulgação de
eventos internacionais e impressões de viagens. Traz notícias importantes do exterior,
considerações sobre a cidade de Lisboa e as províncias e informações sobre fatos
religiosos. Publica opiniões críticas sobre os últimos livros, espetáculos teatrais e musicais.
E, ainda, notícias sobre as recepções, celebrações e compromissos da realeza, assim
como, a divulgação dos eventos das famílias aristocráticas, os festejos e costumes do povo
e a apresentação do necrológico da semana.
A literatura estava presente por meio da crônica, do conto, do poema e, como não
podia faltar, do romance seriado. O caráter lúdico era dado por meio das charadas e dos
enigmas que vinham ao final da revista, cuja solução só era informada no próximo exemplar.
Toda essa gama de assuntos da sociedade moderna era descrita, muitas vezes, utilizando
expressões em outras línguas – latim, francês, inglês, italiano –, e fazendo referências a
termos filósofos e técnicos. Além disso, estava atrelada à gravura, sendo, portanto,
“comentados com lápis e com a pena na galeria pitoresca e multiforme dessa publicação”
(PROSPECTO, 1877, p. 4).
Dessa forma,
O Ocidente
apresentava-se, como observa Rita Correia (2012, p. 1),
“como uma revista muito diversificada no que toca a seus conteúdos, pois no seu horizonte
estava um amplo espectro de públicos de matérias e interesses [...]”. Colaborando com esse
pensamento, Alda Santos (2009, p. 7) acredita que a revista era “um repositório privilegiado
de notícias e
fait divers
que permitiam aprender as dinâmicas globais do evoluir da
sociedade”. Assim, “a revista surge para poder servir de serão a toda a família satisfazendo
uma necessidade cultural do público oitocentista” (ROCHA, 1985, p. 28).
Para dar conta dessa miscelânea de temas de modo satisfatório, a magazine
contava com os mais renomados intelectuais de diferentes perspectivas ideológicas,
políticas, religiosas e culturais. Assim, desde o início de sua publicação, no quadro dos seus
colaboradores estavam jornalistas, historiadores, parlamentares, ministros, publicitas, lentes
de Universidade, professores, pintores, dramaturgos, literatos, poetas e religiosos. Entre
eles destacam-se: Abel Botelho, Antônio Ennes, Alfredo Mesquita, Antônio A. O. Machado,
Bernardim Machado, Brito Rebelo, Conde de Valença (Luís Leite Pereira Jardim), D.
Francisco de Noronha, Damasceno Nunes, Eduardo Schwalbach, Fialho D’Almeida,
Gervásio Lobato, Gomes de Brito, Guerra Junqueiro, Henrique Chaves, Henrique Lopes de
Mendonça, Henrique Marques Junior, Júlio de Castilho, Júlio Rocha, Monteiro Ramalho,
Padre Antônio de Almeida, D. João da Câmara, Maria Amália Vaz de Carvalho, entre outros.
Cabe incluir, ainda, alguns intelectuais que fizeram parte da geração de 70, tais como:
Guilherme Azevedo, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão e Teófilo Braga. Estes, como
ressalta Alda Santos (2009, p. 7) utilizaram as páginas d’
O
Ocidente
como verdadeiro
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