Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 297

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construção das primeiras fontes
6
. E, por meio deste trabalho de entrevistas com os foliões,
foram surgindo fotografias de acervos particulares, as quais foram emprestadas para serem
digitalizadas pela pesquisadora
7
.
Com a aquisição das fotografias, primeiramente, organizamo-las de acordo com as
datas que estavam presentes nos próprios documentos. Este processo, entre outros
elementos significantes dentro da Companhia, possibilitou avaliarmos a incipiência destes
documentos que representassem os tempos remotos da folia de reis na região. Assim, o
recorte temporal da pesquisa foi delimitado a partir da década de 1990, momento em que os
próprios foliões iniciaram o trabalho de preservação da memória da folia de reis mediante o
registro e armazenamento fotográfico, audiovisual e, também, escrito (Livro de Atas).
Documentos estes que possibilitaram ressignificações para sua própria história. Desta forma,
as imagens fotográficas recentes ganharam espaço na pesquisa, pois são provenientes de:
Uma realidade que se formula a partir do trabalho de homens como
produtores e consumidores de signos; um trabalho cultural, cuja
compreensão é fundamental para se operar sobre esta mesma realidade.
(CARDOSO; MAUAD, 1997, p. 405).
Neste sentido, o trabalho está inserido no campo da história do tempo presente
8
. Em
defesa da história recente, Marieta Ferreira comenta:
[...] nos últimos anos, nas últimas décadas para ser mais precisa, já a partir
da Segunda Guerra Mundial começa-se um movimento de valorizar, a
necessidade de se estudar a história recente, e nesse sentido eu acho que
o historiador francês François Bédarida, teve um papel muito importante de
cunhar essa denominação história do tempo presente. (2008, p. 2-3).
9
Tal reflexão é feita, pois, desde o século XIX, no período em que a história estava em
processo de profissionalização, era concebida como uma disciplina voltada ao estudo do
passado e, por mais que isso tenha sido revertido no desenrolar do século XX e, agora, no
XXI, ainda paira um questionamento sobre os objetos e as formas de se trabalhar com a
história recente. Entretanto, a historiadora acredita que ela é propícia, sobretudo, por utilizar
de testemunhos vivos em sua construção, o que oferece, em meio a possíveis distorções no
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Entre as referências utilizadas sobre metodologia da história oral, indicamos:
ALBERT, V. Histórias dentro da história. In:
PINSKY, C. B. (Org.).
Fontes Históricas
. São Paulo: Contexto, 2010;
AMADO, Janaina; FERREIRA, Marieta de Moraes.
Usos
& abusos da História Oral
. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998.
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Até o presente momento da pesquisa, levantamos 12 entrevistas com membros da Companhia. Entre as perguntas realizadas,
indagamos sobre possíveis acervos fotográficos particulares que diziam respeito à Folia de Reis. Desta forma, como a pesquisa
está em andamento, ainda serão realizadas entrevistas mais direcionadas que possibilitem análises sobre as imagens
fotográficas em si.
8
O título que escolhemos para o mestrado traduz o recorte mencionado:
Identidades que se prezam: A Companhia de Reis
“Flor do Vale” e as Ressignificações da Folia (1993-2013)
.
9
François Bédarida foi o fundador do Instituto de História do Tempo Presente (IHTP) na França. Consultar reflexões sobre
como se pensa e como se escreve a história do tempo presente em: RÉMOND, René.
Algumas questões de alcance geral à
guisa de Introdução.
In: AMADO, Janaina; FERREIRA, Marieta de Moraes.
Usos & abusos da História Oral
. Rio de Janeiro:
Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998.
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