Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 293

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interessava os pesquisadores, atingiu seu auge na década de 1990. Neste período, passou-
se a ter mais consciência sobre sua riqueza, não podendo ser entendidas como meras
“ilustrações ao texto”, sendo exploradas metodologicamente, tais fontes podem elucidar o
passado, bem como o presente pelo qual se investiga (KOSSOY, 2001, p. 31-32).
Antes com a câmara obscura, depois com a representação visual modernizada e
materializada: “Toda fotografia tem sua origem a partir do desejo de um indivíduo que se viu
motivado a congelar em imagem um aspecto dado do real, em determinado lugar e época.”
(KOSSOY, 2001, p 36). Nesta medida, são elementos constitutivos do produto final da
fotografia: o assunto (tema escolhido, o referente fragmento do mundo exterior/natural,
social etc.), o fotógrafo/filtro cultural (autor do registro, agente, personagem do processo) e a
tecnologia (materiais fotossensíveis, equipamentos e técnicas empregados para obtenção
do registro, diretamente pela ação da luz), os quais demonstram o seu processo de
cristalização dentro de um espaço (geográfico, local onde se deu o registro) e tempo
(cronológico, época, data, momento que se deu o registro). Tais elementos são interligados
e, portanto, singulares (KOSSOY, 2001, p. 37-39).
Entretanto, quando se depara com uma pesquisa que pretende fazer história recente
com o auxílio das fotografias, os elementos tecnológicos, por exemplo, não são
essencialmente decisivos. Utilizando-se de algumas ideias advindas de Roland Barthes
(1984), a fotografia fornece mensagens já percebidas em Kossoy (2001); isto é, de que em
uma imagem fotográfica há um
operador
que é o fotógrafo, um
spectator,
que é o que olha a
fotografia e o
spectrum
ou o alvo fotografado. Esta tríade significativa possibilita um trabalho
historiográfico que se estende de pesquisas a acervos documentais públicos ou privados à
própria produção de fotografias pelo pesquisador(a). O último, quando realizado pelos
historiadores, demanda esclarecimento, logo que poderia ser alvo de críticas por também
enquadrar olhares, segundo aquilo que se pretende defender em uma pesquisa.
Uma das alternativas para o tal esclarecimento no trabalho historiográfico seria a
utilização de outras fontes que dão suporte a mais à pesquisa, as fontes iconográficas em
geral, assim como as fontes escritas, as fontes-objetos e as fontes orais, as quais são
importantes complementos para uma análise maior do estudo acerca da história
da
e
através
da fotografia (KOSSOY, 2001, p. 65-73).
Fotografia e memória: problemas?
Como mencionamos na introdução do texto, existem distinções teórico-
metodológicas acerca da fotografia. Uma remete à
história da fotografia
, fornecendo o
estudo do gênero fotográfico enquanto objeto de pesquisa, o que possibilita averiguar
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