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Eis que surge outro grande preconceito acerca das ideologias do regionalismo, pois
os escritores abordavam problemas e culturas regionais. O regionalismo intentava a
representação do que cada região tinha de específico: sul, norte e nordeste, cada qual com
sua peculiaridade e problemáticas, indubitavelmente, esses escritores tinham por objetivo,
acima de tudo, um projeto nacional que o modernismo já propunha, mas abordou apenas os
grandes centros: São Paulo e Rio de Janeiro.
Logo, é notável o esquecimento de tais culturais regionais, por não participarem do
grande centro “cultural”. Gilberto Freyre, grande nome quando se fala do regionalismo, em
seu
Manifesto Regionalista
fez um debate da importância dessa literatura, apontando o
porquê de sua existência e quais seus objetivos:
Essa desorganização constante parece resultar principalmente do fato de
que as regiões vêm sido esquecidas pelos estadistas e legisladores
brasileiros, uns preocupados com os “direitos dos Estados”, outros, com as
“necessidades de união nacional”, quando a preocupação máxima de todos
deveria ser a de articulação inter-regional. Pois de regiões é que o Brasil,
sociologicamente, é feito, desde os seus primeiros dias. Regiões naturais a
que se sobrepuseram regiões sociais. (FREYRE, 1996, p. 55-56).
Um Brasil feito por todas as regiões, e é isso que o regionalismo veio afirmar e
confirmar: o que essas regiões possuem e que são esquecidas. Freyre asseverou com toda
convicção o esquecimento dessas regiões tão carentes por parte do governo, regiões essas
que, ao saber de todos, até os dias atuais sofrem com o desprezo político, sofrem com a
carência das chuvas que prejudica as plantações, fazendo a população ficar sem água, o
gado morrer e as plantações de subsistência secarem. Uma região onde não há
investimento nenhum de empresários, dificilmente encontram-se empresas de grande porte
em uma dessas regiões e, muitas vezes, quando há, é com o intuito de conseguirem mão de
obra barata, escrava e infantil, pois as pessoas lá não tem outra escolha, senão trabalhar
num desses lugares, já que não há outro meio pra subsistência.
Bem ilustra essa situação
Os Corumbas
, que mostra a família chegando em Aracaju,
as meninas mais velhas Rosenda e Albertina vão trabalhar nas fábricas de tecido, as mais
novas Bela e caçulinha vão à escola e Pedro arruma emprego como mecânico.
Na Têxtil (fábrica de tecidos), ganham o mínimo para o sustento familiar, e mesmo
assim ainda falta demais, a família nada possui. Também pela família sabemos que
trabalhavam crianças nas fábricas, todos sem a mínima condição de trabalho, como o filho
de uma operária de quinze anos, que morreu em serviço.
Súbito, uma agitação estranha lá no fundo. Um grito fino, seguido de um
clamor. Todas as máquinas pararam, de repente.