Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 281

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FOTOGRAFIAS DO BRASIL EM AMANDO FONTES
Natália de Sousa MARTINS
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1 introdução
O regionalismo, movimento literário surgido em 1930 no Brasil, deu-se com a
necessidade e as críticas dos artistas acerca da representação negada que se tinha das
regiões fora do eixo Rio-São Paulo. Um movimento extremamente social, já que o Brasil e o
mundo passavam por grandes mudanças: industrialização, movimento tenentista e queda da
Bolsa de 1929. Uma das regiões muito retratada na literatura nessa época foi o Nordeste e,
nesse meio, Amando Fontes escreveu seu romance
Os Corumbas
(1933), uma narrativa
que retrata a migração de uma família sertaneja, a família Corumba, do interior de Ribeira
que, com a seca e crise na agricultura, buscou exílio em Aracaju e foi trabalhar nas fábricas
de tecido. De forma trágica e dramática todos são explorados, há uma mostra do pobre que
nada pode esperar e de uma família que teve seu lar degradado por causa do capitalismo.
Os Corumbas
é uma obra de Amando Fontes (1899-1967) que nasceu em Santos e,
em razão da morte do pai, foi para Aracaju morar com os avós. Publicou apenas dois
romances –
Os Corumbas
(1933) e
Rua do Siriri
(1937) – o primeiro romance foi muito
elogiado pelo público e por críticos da época, tais como Octávio de Faria que apontou
Os
Corumbas
como um dos grandes romances de uma era, já o segundo romance não obteve
tanto sucesso quanto o primeiro, pois é mais caracterizado como uma continuação de uma
temática já abordada em
Os Corumbas
:
a prostituição das moças de Aracaju.
Pode-se conjecturar que o romancista realizou de maneira positiva o projeto da
geração de 30 e essa geração tinha a ideologia de focar os problemas sociais e políticos
brasileiros, tinha a tendência a voltar-se para as questões sociais e econômicas do
Nordeste. Eram escritores que manifestavam em suas obras a problematização do homem
explorado e desprezado pelas classes sociais mais favorecidas e a luta contra a
adversidade do clima, do sol, por isso o romance regionalista, normalmente, representa
lugares fechados, com uma estrutura circular. Esses temas serviram para demarcar a
ideologia dos escritores neorrealistas que tinham a feição de testemunho e denúncia social,
de luta política e protesto.
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Mestranda - Programa de Pós-Graduação em História – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Unesp – Univ. Estadual
Paulista, Campus de Assis – Av. Dom Antonio, 2100, CEP: 19806-900, Assis, São Paulo – Brasil. E-mail:
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