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Para delimitar nosso campo de investigação, optamos como objetos de investigação
as propostas curriculares oficiais dos Estados de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo, que formam a região sudeste brasileira.
Currículo e ensino de História
Currículo é uma palavra extremamente utilizada no universo da educação, que pode
receber diversos significados. Por possuir tantos significados, iniciamos com uma questão:
Como podemos compreender o currículo? Há várias maneiras e cada qual depende do
contexto em que essa palavra está relacionada e/ou em qual período da história da
Educação está sendo pensada.
Cação (2010, p. 381, grifos nossos) elucida que, “etimologicamente,
currículo
(latim
currere
) significa
caminho, jornada, trajetória, percurso a ser seguido
, e encerra duas idéias
essenciais: de seqüência ordenada e noção de totalidade de estudos”, destarte, o currículo
carrega múltiplas definições, tais como: as disciplinas de estudo; o plano das disciplinas de
estudo; as experiências vivenciadas pelos alunos na escola; os planos elaborados pelos
professores, pela escola ou por uma rede de escolas; o ambiente em que as ações
educativas estão ocorrendo; entre outras. Portanto, “[...] currículo pode ser
tudo
ou
nada
, o
que pode colocar em risco a especificidade e a efetividade da ação docente” (CAÇÃO, 2010,
p. 381, grifos nossos).
Podemos pensar, porém, que a maioria das compreensões acerca do currículo é a
de que esse representa as concretizações de fins sociais e culturais que se atribuem à
escolarização e tais concretizações não devem ser caracterizadas como realidades
abstratas que estão à margem do dia a dia escolar e da conjuntura histórica e social em que
foram pensadas e postas em prática. Deste modo, ao entrarmos em contato com um
currículo, estamos também nos aproximando das funções da escola em um contexto
histórico e social específico. Logo, analisar o currículo é essencial para se compreender
uma conjuntura escolar em um determinado período.
A questão central do estudo do currículo, para Tomaz Silva (2010), é saber quais
conhecimentos devem ser ensinados, o que
a priori
suscita indagações como: Qual é a
importância ou a validade essencial para tais conteúdos serem parte do currículo? A escolha
do que deve ou não deve ser ensinado implica, ainda, de acordo com Tomaz Silva (2010),
em relações de poder. Este autor explica que “o currículo é sempre o resultado de uma
seleção: de um universo mais amplo de conhecimentos e saberes seleciona-se aquela parte
que vai constituir, precisamente, o currículo” (SILVA, 2010, p. 15), complementando que
este ato de selecionar implica em privilegiar um conhecimento em detrimento de outro,
portanto, é uma “operação de poder”.