274
nacionais. Evidentemente, este modelo de ensino de História privilegiava e construía heróis
nacionais pertencentes à elite, pois, a instrução da disciplina “[...] precisava assim integrar
setores sociais anteriormente marginalizados no processo educacional sem, contudo, incluir
nos programas curriculares a participação deles na construção histórica da Nação”
(BITTENCOURT, 2011, p. 64).
A partir dos anos 30 do século XX surgiram os “Estudos Sociais” para as escolas de
ensino primário, que acoplaram assuntos designados às disciplinas de História, Geografia e
às aulas de Civismo, eliminando tais aulas do currículo escolar. Na fase da ditadura civil-
militar (1964-1984) os Estudos Sociais foram introduzidos em todo o sistema da educação
básica brasileira com a promulgação da lei nº 5.692/71.
Com os Estudos Sociais, o ensino de História
[...] vai sendo sutilmente vinculado aos “princípios ‘norteadores da educação
moral e cívica”. De um lado, os professores de história e geografia ou
estudos sociais passam a se envolver diretamente ao ministrar as duas
disciplinas, e na medida em que o conteúdo, os conceitos de moral e
civismo perpassam todas as disciplinas e atividades extraclasse. Por outro
lado, os estabelecimentos de ensino, obrigados legalmente a cumprir o
programa fixado pelo Conselho Federal de Educação, diminuem a carga
horária de história e geografia ou estudos sociais, cedendo espaço na grade
curricular da escola para as duas disciplinas obrigatórias: EMC [Educação
Moral e Cívica] e OSPB [Organização Social e Política Brasileira].
(FONSECA, 2011, p. 39, grifo nosso).
Assim, nas décadas de 60 e 70 e início da década de 80 do século XX, o ensino de
História foi transformado e readequado aos contextos da época, reduzindo o conhecimento
histórico, simplificando e resumindo os conteúdos. Os alunos menos favorecidos
financeiramente tiveram conteúdo ainda mais comprimido, pois nas aulas eram utilizados
testes e trabalhos em grupo para fazer uma rápida avaliação, além da diminuição da carga
horária dos Estudos Sociais (BITTENCOURT, 2011).
A partir da década de 80, várias propostas curriculares foram elaboradas pelos
municípios e Estados brasileiros, houve a reintrodução das disciplinas de História e
Geografia nos currículos das escolas e “[...] a organização curricular por eixos temáticos,
intensamente discutida [...], passou a ser um desafio teórico e metodológico, uma postura
crítica ante as tramas da produção e da difusão do conhecimento histórico” (SILVA;
FONSECA, 2010, p. 19).
Nos anos 90, houve movimentos de reformulações curriculares ao redor do mundo,
as quais também se efetivaram no Brasil. Entre as reformulações, podemos destacar que as
disciplinas de Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira e Estudos
dos Problemas Brasileiros foram extintas dos currículos escolares; também foram extintos
os cursos superiores de Licenciatura Curta, que formavam professores de Estudos Sociais.