Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 320

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científica/profissional, no contexto local e internacional. (SAGAWA, 2002,
p. 18).
A concepção de Psicanálise de Durval Marcondes não se reduziu a uma mera
especialização terapêutica, estava também inserida em diferentes esferas além da
terapêutica: estética, ética, cultura e arte faziam parte de seu repertório. Em 1926, ao
concorrer a uma vaga da cadeira de Literatura no Ginásio do Estado, defendeu a seguinte
tese:
O symbolismo esthetico na literatura. Ensaio de uma orientação para crítica literária,
baseada nos conhecimentos fornecidos pela Psychanalyse
. Durval Marcondes não venceu o
concurso, mas este trabalho foi elogiado pelo pai da Psicanálise em carta de 18 de
novembro de 1926.
Podemos perceber que, de 1924 até a fundação da
Revista Brasileira de
Psychanalyse
em 1928, o que fora escrito e publicado pelos psicanalistas brasileiros
também estava inserido numa cultura letrada, aspecto rico e relevante capitado por estes
psicanalistas numa época em que Freud ainda estava construindo, avaliando e reavaliando
suas obras. Neste contexto, além de Porto-Carrero e Durval Marcondes, podemos apontar
que outras obras de psicanalistas iniciavam a Psicanálise e expandiam-na para outras
regiões do Brasil.
José César de Castro, presidente e fundador da Academia Rio-Grandense de Letras,
em 1924, defendeu tese de doutorado em Medicina intitulada
Concepção Freudiana das
Psiconeuroses.
Outro gaúcho que contribuiu para o início da Psicanálise no Rio Grande do
Sul foi Martin Gomes que, em 1928, chegou a publicar na França seu trabalho
“Les Rêves”.
Na Bahia, além da figura notória de Juliano Moreira, encontramos o médico-legista Arthur
Ramos que teve produção considerável sobre Psicanálise. Em 1925, Arthur Ramos
defendeu sua tese de doutoramento em Medicina
Primitivo e Loucura,
que foi premiada em
revistas estrangeiras e elogiada por Freud (PERESTRELLO, 1987, p. 14). Considerando
elementos da cultura brasileira, publicou “Augusto do Anjos à Luz da Psicanálise”.
No meio médico em São Paulo, outro também considerado precursor da Psicanálise
foi Osório Cesar que, envolvido por questões culturais, escreveu:
A arte primitiva nos
alienados
(1925),
Contribuição ao estudo do simbolismo místico nos alienados
(1927) em
colaboração com J. Penido Monteiro,
Sobre dois casos de estereotipia gráfica com
simbolismo sexual
(1928) em colaboração com Durval Marcondes e
A expressão artística
nos alienados
(1929).
Durante os anos 20, Freud enfrentava dissidências de alguns de seus discípulos
como Adler, Stekel e Jung, o que o levou a recrudescer a Psicanálise freudiana e manter a
centralidade da
International Psychoanlytical Association (IPA)
, diante das tentativa dos
seus ex-discípulos em fundar outras associações, escolas e instituições. No Brasil, Durval
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