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Marcondes permaneceu fiel ao grupo freudiano e buscava congregar aliados para a
fundação da
Sociedade Brasileira de Psychanalise
nos moldes da IPA. Esta futura
instituição psicanalítica teria o objetivo de proporcionar os estudos da teoria freudiana e
fazer a divulgação dessas ideias no Brasil. Em 24 de outubro de 1927, fundou-se finalmente
a
Sociedade Brasileira de Psychanalyse.
Na reunião inaugural, foi eleita a seguinte diretoria provisória: presidente,
Prof. Dr. Francisco Franco da Rocha; vice-presidente, Prof. Dr. Raul Briquet;
secretário, Dr. Durval Marcondes; tesoureiro, Prof. Lourenço Filho.
Inscreveram-se 24 sócios e, entre eles, diversos professores universitários
(Flamino Favero, A. de Sampaio Dória), médicos psiquiatras (James Ferraz
Alvim, Pedro de Alcântara, Osório César, A. de Almeida Júnior etc.) e
intelectuais (Menotti del Picchia, Cândido Motta Filho). (SAGAWA, 2002,
p. 27).
Se para Galvão (1967) este primeiro grupo atuava na realização de sessões
científicas, nas quais foram lidos e discutidos trabalhos de Franco da Rocha, Durval
Marcondes e outros autores (GALVÃO, 1967, p. 50), para Sagawa (2002), além de buscar
atender seus objetivos para o fortalecimento da Psicanálise, a
Sociedade Brasileira de
Psychanalyse
, tornou-se um centro de acontecimentos sociais.
Foram realizadas algumas palestras pela Sociedade, as quais adquiriram a
feição de um verdadeiro “acontecimento social” por serem bem
frequentadas por figuras notórias da “sociedade” local. Safam estampados
comentários e fotos numa revista da moda,
Vanitas,
“uma revista
chic
da
época, juma espécie de página de hoje (no jornal
Folha de S. Paulo
, no
caderno Folha Ilustrada) do Tavares Miranda”, segundo Durval Marcondes
(depoimento de 12/11/1976). Entre inúmeros frequentadores, podem ser
citados: Olívia Guedes Penteado, Tarsila do Amaral, Pepita Guedes
Nogueira, dona Noêmia Nascimento Gama (grande declamadora de
versos), Sr. e Sra. Benjamim Pereira. (SAGAWA, 2002, p. 27).
Buscando um passo a mais para que Psicanálise abrangesse todo o país, em março
de 1928, Durval Marcondes foi incumbido de ir ao Rio de Janeiro, capital da República, para
fundar uma Sociedade semelhante à de São Paulo. Em 17 de junho de 1928, reunião
sediada no Hospital Nacional de Psicopatas, foi fundada a
Sociedade Brasileira de
Psychanalyse
do Rio de Janeiro. Juliano Moreira foi eleito presidente e Porto-Carrero o
secretário-geral dessa que seria a entidade nacional da Psicanálise brasileira. Interessante
que esta primeira Sociedade foi reconhecida pela IPA no II Congresso Internacional de
Oxford e mesmo assim teve duração efêmera. Várias são as razões para o malogro dessa
Sociedade, talvez as mesmas que levaram a não continuidade da publicação da
Revista
Brasileira de Psychanalyse de 1928
.
Diante de uma considerável publicação de obras sobre a Psicanálise no Brasil desde
a década de 1910, da fundação da
Sociedade Brasileira de Psychanalyse de São Paulo
e