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A respeito dos Estados Unidos, Jack P. Greene (2008) mostra que a identidade que
unia os colonos norte-americanos girava em torno de sua ligação com o Estado nacional da
Grã-Bretanha. O povo predominantemente inglês que criou e organizou todas as colônias
britânicas na América carregava consigo vínculos profundos com a cultura britânica e com a
identidade nacional implícita nela.
[...] um sentido de identidade nacional nítido e bem articulado foi um produto
final da era elisabetana e início da jacobina, o período exato em que
ingleses estavam começando a formar as primeiras colônias inglesas na
América. O protestantismo e, cada vez mais durante o final do século XVII e
o XVIII, a lenta expansão da superioridade comercial e marítima da nação
inglesa eram componentes significativos dessa identidade. Muito mais
significativo, porém, era o sistema inglês de justiça e liberdade. (GREENE,
2008, p. 100).
Essa identidade compartilhada com os britânicos, no entanto, sempre foi mediada
por um conjunto de “identidades coloniais”, que possuíam bases locais e sociais. Tais
identidades foram determinantes quando as diversas medidas litigiosas entre as colônias e a
Grã-Bretanha entre 1764 e 1776, aliadas a uma variedade de condições que há tempos já
dificultavam as relações (tais como a distância física e os contrastes culturais e sociais),
acabaram por gerar o que veio a ser conhecido como a Revolução Americana.
[...] quando os colonos abandonaram sua ligação formal com a Grã-
Bretanha, não se tratou tanto de eles terem renunciado a sua identidade
britânica nacional, mas de reafirmarem sua adesão aos principais
componentes daquela identidade, bem como seu uso como exemplo. Na
segurança de suas diversas identidades provinciais, os líderes da
resistência colonial podiam abandonar sua ligação com a Grã-Bretanha e
transformar colônias em unidades políticas republicanas, sem medo de
perder seu arraigado e psicologicamente importante sentido de si mesmos
como povos protestantes, nascidos em liberdade, herdeiros legítimos das
tradições britânicas do governo consensual e do Estado de direito.
(GREENE, 2008, p. 103).
Assim, os líderes revolucionários não buscavam romper com a tradição cultural do
mundo britânico; pelo contrário, reiteravam a continuidade de sua identificação com tal
universo cultural mais amplo, do qual se sentiam como genuínos repositórios. Por muito
tempo a identidade nacional americana permaneceu embrionária e superficial, ao passo que
a importância central residia nas identidades provinciais. Greene demonstra, então, como
tais identidades representaram um desafio para aqueles que aspiravam criar uma união
nacional durável.
A união contingencial e orientada para a guerra que foi composta às
pressas em 1775-76 pouco fez para promover uma profunda identidade
nacional que rivalizasse com ela, e a Constituição de 1787 proporcionou