Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 18

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A REPRESENTAÇÃO DO ÍNDIO NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL
BRASILEIRA
Aline Rafaela Portílio LEMES
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Todas as nações buscaram e buscam se afirmar por meio da criação de uma
memória nacional
. A construção dessa memória visa homogeneizar a população em torno
do conceito de nação, apagando quaisquer tipos de diferenças que possam existir de fato.
Muitas vezes esse trabalho é bem sucedido, e mitos nacionais perpetuam-se. A utilização
do índio, no caso brasileiro, é exemplar.
Após a emancipação política de Portugal, especialmente em meados do século XIX,
ocorrem acaloradas discussões entre os homens de letras imperiais a respeito do nacional.
A obra de José de Alencar é profundamente permeada por essas questões, em especial
seus romances indianistas.
À vista do exposto, realizaremos reflexões iniciais a respeito dos conceitos de
memória
e
nação
para, em seguida, pontuar algumas questões a respeito da utilização do
índio na construção da memória nacional brasileira.
Memória e identidade nacional
A
memória
é um elemento presente em todos os indivíduos, seja na sua forma
pessoal de memória individual, seja na sua forma social de memória coletiva. Como a
primeira, imprescindível para a construção do indivíduo, a memória coletiva é indispensável
à constituição da identidade de determinado grupo, formando um vínculo. Segundo Araújo,
Os indivíduos compartilham da construção da memória coletiva, sentem-se
parte do mesmo grupo, pois têm a mesma história, uma memória comum a
todos, composta por acontecimentos vivenciados ou que lhes foram
contados como se fossem suas, passando então, a fazer parte do seu
imaginário. Vê-se que a memória coletiva, assim como a identidade social, é
composta por dados objetivos e subjetivos. Uma memória também é
preenchida por fatos criados a partir de interpretações que o grupo faz da
realidade, cujo resultado permanece na memória. Todavia, ela não é
composta por toda a realidade objetiva, ou seja, por todos os
acontecimentos vividos pelo grupo. Alguns deles são preteridos na
composição da memória e a escolha do que será privilegiado ou não pela
memória está ancorada nos critérios subjetivos do grupo (1997, p. 204).
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Mestranda - Programa de Pós-Graduação em História – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Unesp – Univ. Estadual
Paulista, Campus de Assis – Av. Dom Antonio, 2100, CEP: 19806-900, Assis, São Paulo – Brasil. Bolsista CAPES. E-mail:
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