Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 934

A oralidade é a prática social interativa com propósitos comunicativos que se
apresenta de várias formas ou gêneros.
O letramento, por sua vez, constitui-se em um conjunto de práticas
comunicativas intermediadas por texto que envolve as mais diversas formas (gêneros)
de escrita na sociedade e aspectos políticos sociais e cognitivos além dos linguísticos.
Por exemplo: “um analfabeto pode ser letrado, na medida em que identifica mercadorias
pelas marcas, sabe que ônibus tomar, identifica valor do dinheiro, assim o letrado é o
sujeito que participa de forma significativa de eventos de letramento e não apenas
aquele que faz uso formal da escrita”. (Marcuschi 2001 p. 25).
Marcuschi (2001) define fala como “forma de produção textual-discursiva para
fins comunicativos na modalidade oral. Envolve sons sistematicamente articulados e
significativos, aspectos prosódicos, e outros recursos como movimentos do corpo”.
O mesmo autor define escrita como “forma de produção textual-discursiva para fins
comunicativos com certas especificidades materiais caracterizada por sua constituição
gráfica.
Assim, oralidade e letramento devem ser entendidos como práticas sociais da
linguagem.
Já fala e escrita são modalidades do uso da língua sendo a escrita complementar
à fala. São processos, manifestações textuais. Estas duas variedades linguísticas podem
apresentar tanto a língua padrão como variedades não padrão, língua culta e coloquial,
norma padrão e não padrão.
Letramento diz respeito à aquisição do discurso - do saber usar os recursos
linguísticos - da escrita e da oralidade - para participar das práticas sociais, para ter
acesso a informações e usá-las conforme a necessidade e o interesse, para ampliar o
repertório cultural e a visão de mundo, para a apreciação estética, para tornar-se
consciente do papel e do lugar da linguagem na construção das relações sociais e na
percepção de mundo.
Numa perspectiva sociointeracionista, fala e escrita apresentam dialogicidade,
usos estratégicos, funções interacionistas, envolvimento, negociação, situacionalidade,
coerência e dinamicidade. Até os anos 80 essas modalidades eram vistas como opostas e
estanques. Nessa perspectiva a língua é entendida como um sistema de regras e
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