Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 933

de um número indefinido de agrupamentos sociais de extensão variável (familiar,
profissional, esportivo, político etc.).
Membros de complexos sociais que compartilham um repertório linguístico
podem mudar de uma variedade para outra. Uma mudança de situação pode levar a
mudança de variedade linguística e esta pode indicar mudança na relação entre os co-
membros desse complexo social ou mudança de tópico e propósito ou papéis ou mesmo
local da interação.
O linguista Eugenio Coseriu (1979) considera a dicotomia “langue/parole”
insuficiente para polarizar os fenômenos da linguagem e afirma que esta concepção
sugere uma identificação exagerada entre individual e concreto e entre social e abstrato,
pois para Coseriu os fenômenos concretos são também sociais e no individual são
encontrados elementos abstratos ou formais da língua. A dicotomia Saussureana
também desconhece o ponto em que língua e fala se combinam – o ato verbal.
Finalmente, tal dicotomia supõe uma concepção demasiada rígida de um indivíduo
completamente separado da sociedade. Na verdade o social comprova-se no individual.
Assim, linguagem é a realização individual da língua, que contém a própria
língua e a originalidade expressiva dos falantes, enquanto que língua é a formalização
do sistema linguístico, aquilo que é essencial, as oposições significativas que garantem
seu funcionamento como instrumento de comunicação. A língua situa-se num momento
ulterior à análise da linguagem como fenômeno concreto. A língua é a forma que se
comprova na própria linguagem e, como objeto da linguística, é flexível e está em
permanente evolução.
Segundo Fiorin (1990), a linguagem é um fenômeno complexo que pertence à
diferentes domínios: individual, social, fisiológico e psíquico. O autor, então, considera
língua como um sistema virtual e fala como sua realização concreta e propõe também
uma distinção entre língua e discurso.
O discurso são as combinações de elementos linguísticos (frasais ou conjuntos de
muitas frases), usadas pelos falantes com o propósito de exprimir seus pensamentos, de
falar do mundo exterior ou de seu mundo interior, de agir sobre o mundo. A fala é a
exteriorização psico-físico-fisiológica do discurso. Ela é rigorosamente individual, pois
é sempre um eu que toma a palavra e realiza o ato de exteriorizar o discurso, que, ao
contrário da fala, é social. (Fiorin, 1990, p.11)
Oralidade e Letramento; Fala e Escrita
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