I Anais do Simpósio de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa - SILALP - page 38

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assimilativo dos emigrados em relação à elite, torna-se a grande propulsora dos conflitos
entre essas personagens e aquelas que se afirmam pertencentes à elite branca local.
Essa cambada feita à pressa que ia surgindo e espalhando sobrados por
toda a cidade veio transformar totalmente o viver na ilha. [...] A pouco e
pouco ia subindo a gentinha mulata para os lugares de destaque,
escorraçando os educados das posições doutrora. Raros brancos se
mantinham ainda com a sua dignidade tradicional, resistindo às misturas
desiguais. [...]. (SOUSA, 1978, p. 175-176).
O trecho mostra enfaticamente o modo pelo qual esse grupo de emigrados se fazia
sentir em relação à elite. O fato de se imporem economicamente gerou uma crise de
identidade que, pela inversão não só da situação econômica, como também dos papéis
sociais que cada grupo desempenhava na organização dessa sociedade, fez com que a elite
perdesse a importância que afirmava ter na organização geral da ilha.
Deste modo, aos poucos os emigrados retornados iam se apossando, não só do
espaço antes restrito ao homem branco: os sobrados; como também dos papéis políticos que
estes desempenhavam e do padrão de vida que mantinham. Como mostra o trecho:
– É verdade, Alberto – interveio Nha Noca –, os negros também subiram
sobrado. E este não Anacleto está todo puxado nas alturas, feito vogal da
Câmara, a convidar governadores e toda a casta de gente graúda para a
sua casa. Até vai mandar um filho para estudar em Lisboa. Calcula,
Alberto, neto de Nha Domingona a estudar em Lisboa para engenheiro.
Eh, o mundo está virado. (SOUSA, 1978, p. 130).
Interessa destacar, ainda, que a manutenção desses valores propagados pela elite,
desde a colonização da ilha, também subentende um diálogo mantido entre as
reformulações das condições locais de vida, isto é, o grupo emergente de emigrados
retornados se mantém em constante diálogo com o modo de vida dos brancos, e devido a
essa convivência tendem a considerar os aspectos da vida social, política e econômica do
branco como padrão de
status
a ser mantido, ainda que apenas na aparência, como esclarece
o fragmento:
[...] Dez mil dólares por aquele mundão de casa, não era caro. Quantas
vezes, trabalhando nas fábricas de Providence, Pawtucket, Newport,
sonhou com um sobrado em S. Filipe, onde pudesse depois gozar o fruto
do seu labor por terras da América. O sonho ia ser realidade, e logo no
casarão duma das famílias mais brancas da ilha. [...] Seria, sim, um
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