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todo os historiadores, sejam de marxistas, clássicos, liberais, etc., à todos tem suas críticas
e elogios” (SANTOS, Paris, 16 jun. 1976).
Algo de “novo” despertara o interesse de Santos, ele se referia diretamente ao grupo
que coordenou a obra
Faire de l’histoire
(1974) e os tais “novos conceitos, novas
concepções, novos horizontes”. Apesar de demonstrar entusiasmo, constatou que “Le Goff,
Nora, etc.,” não pareciam até aquele momento “em condições de colocar em xeque o Prof.
Braudel” (SANTOS, Paris, 16 jun. 1976).
Atento à produção historiográfica francesa, Santos lhe enviava entrevistas, informes
de publicações e comentava a repercussão de obras. Configurava-se, assim, um relativo
sistema de trocas entre eles.
As cartas de Santos têm tons distintos dos demais colegas no tocante à relação com
Westphalen. É a sua experiência francesa que está sempre em primeiro plano na narrativa,
são poucas as perguntas e considerações de cunho mais pessoal relativas à vida da
destinatária. Em suas cartas, ele incita o debate sobre perspectivas historiográficas e
acontecimentos econômicos e políticos. O tempo, para os demais assuntos (família,
passeios, viagens, colegas), aparece como pausa, pequenos cortes no texto, que ocupam
duas ou três linhas no máximo.
Jayme Antônio Cardoso
Dentro das possibilidades oferecidas pela EHESS e sondando as “possíveis
‘idiossincrasias’ pessoais” do orientador, Jayme Antônio Cardoso optou por fazer os
seguintes seminários: Techniques d’analyse en démographie historique (dirigido por Louis
Henry), Démographie historique (dividido entre Jacques Dupâquier e Jean-Pierre Bardet) e
Semiologie graphique (dividido entre Jacques Bertin e Serge Bonin). (CARDOSO, Paris, 6
nov. 1975).
A primeira vista ele estava totalmente inserido na linha que escolheu, a demografia
histórica. Mas, o andamento das aulas revelou certas surpresas. O cotidiano dos seminários
aponta experiências variadas, não se poupam elogios e críticas.
Entre as críticas, está a organização do seminário de Dupâquier. Ele
Deu uma idéia geral da história demográfica do século XVII-XVIII, e agora
vamos começar a estudar Malthus. Houve, para mim, um certo desencanto,
pois os seminários foram sempre assim: um tema, ou melhor, um país ou
uma região; em geral ele convidava um especialista, ou então êle ou o
Bardet apresentavam o resultado de suas consultas a respeito [...] Ele
parece meio desligadão. (CARDOSO, Paris, 23 mar. 1976).
Um dos convidados foi Maria Luiza Marcílio, “ela falou sobre a evolução da
população brasileira. Quem estava lá era a Profa. Katia Mattoso. No dia seguinte, a convite