Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 42

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sugerem que ali vivia um grupo, ou grupos, com razoável grau de
organização e de estratificação social. (SOUZA; PAPA, 1998, p. 89).
A produção cerâmica marajoara era realizada com o uso de técnicas elaboradas,
com características ímpares, utilizadas principalmente para fins ritualísticos e domésticos.
Com o passar dos anos, em virtude das ações de resgate de exemplares ou mesmo de
cacos destas cerâmicas para pesquisas, foram sendo desenvolvidos projetos junto à
museus e Universidades visando à preservação das culturas indígenas da Amazônia.
A preocupação em analisar os vestígios da passagem de antigos povos por um local
colabora com a intenção de resgate de um patrimônio, fato este que permite o
reconhecimento de nossa própria história – partir do estudo das nossas origens para a
compreensão da sociedade atual – como cita Lilian Bayma de Amorim (2010, p. 19): “Os
vestígios materiais, objetos de estudo do arqueólogo, são depósitos de memória, material
impregnado de informações à espera de uma interpretação, capaz de resgatar os pedaços
de uma história perdida.”.
São os objetos, instrumentos capazes de representar muito de uma época, local ou
mesmo civilização, pois foram feitos com um material específico e para um determinado fim,
obedecendo a critérios referentes à função para a qual foram produzidos. Deste modo,
tornam-se “depósitos de memória”, guardam nas suas especificações muitos significados e
é valendo-se do seu estudo que se pode alcançar respostas e novas informações,
possibilitando a geração de conhecimentos.
Neste cenário de resgate, análise e informação relacionados com a cultura
Marajoara, o Museu Paraense Emílio Goeldi encontra-se envolvido com o desenvolvimento
de pesquisas sobre a Amazônia, desde a ocupação humana na região, até a realização de
projetos vinculados à conservação de sítios arqueológicos. O museu possui em seu acervo
uma extensa coleção Marajoara composta por mais de dois mil objetos – inteiros e em
fragmentos –, como tigelas, pratos, vasos, urnas funerárias, tangas, entre outros. É
justamente por meio dos estudos e pesquisas realizados e incentivados pela instituição que
se tem reconhecido e preservado aspectos da cultura regional.
Ações como as desenvolvidas pelo Museu Emílio Goeldi ajudam, também, a manter
tradições locais, além de incentivar nos moradores o desejo por conhecer elementos que
estão presentes no seu cotidiano e influenciaram na sua formação. Por vezes, os habitantes
de uma região desconhecem muito de sua cultura, apesar do envolvimento deles ser de
suma importância para que se construa uma relação entre o passado e o presente.
Tudo o que se vive hoje é resultado de algo iniciado ou ocorrido anteriormente,
somos produto da história e nossas ações permitem que elas não acabem e que sejam
formados novos saberes. Mediante a valorização da cultura regional e o resgate das
tradições é possível preservar a identidade local, portanto, há necessidade de não se negar
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