Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 235

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O processo civilizatório do povo indígena – aqui recorremos ao título do livro do
pesquisador Darcy Ribeiro,
O Processo Civilizatório
– perpassa várias questões. A primeira
delas, retornando à interculturalidade, como trata Catherine Walsh, está “ligada ao lugar
geopolítico e no espaço, a partir da história e atual resistência indígena” (WALSH, 2007,
p. 52)
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, uma vez que não há como discutir os assuntos relacionados aos povos indígenas
sem passar por abordagens sociopolíticas, históricas e a presente conjuntura dessas
populações com relação a ainda colonialidade do poder presente nos discursos acadêmicos
e também do estado, acarretando, então, nos discursos do restante da população brasileira
e latina.
Para esclarecer alguns pontos, somente no Brasil são realmente inúmeros os grupos
étnicos indígenas/ameríndios, e, por sua vez, há muitos dialetos e línguas pertencentes à
cultura social e comunicativa destes povos. Com isso, a população Guarani (etnia dos
jovens do Brô MC's), a primeira a passar pelo processo de colonização há 500 anos, hoje,
possui uma grande quantidade de cidadãos que pertencem a essa etnia indígena, podendo
ser encontrados em todo o território nacional (GRUPIONI, 1994). Contudo, aqui nesse
espaço de fronteira, o Estado de Mato Grosso do Sul, a etnia Guarani caminha por veredas
ainda mais adversas.
Em certas circunstâncias, a alteridade entre os índios e o contexto nacional
com que eles convivem chega a ser tão agressiva que se torna assassina. É
ela que leva os jovens índios ao suicídio, como ocorre com os Guarani, por
não suportarem o tratamento hostil que lhes dão os invasores de suas
terras. Além de transformarem todo o meio ambiente, derrubando as matas,
poluindo os rios, inviabilizando a caça e a pesca, esses vizinhos civilizados
lançam sobre os índios toda a brutalidade de um consenso unânime sobre
sua inferioridade insanável, que acaba sendo interiorizada por eles, dando
lugar às ondas de suicídio. (RIBEIRO, 1995, p. 332).
A conceituação de interculturalidade, tratada por Walsh, compõe o pensamento do
"outro", que é arquitetado possuindo sua base em um inerente espaço político de
enunciação dos movimentos indígenas. Apesar de pensar no Equador, o conceito pode ser
absorvido em discussões por toda a América Latina, tendo em vista o processo colonizador
pela qual passou e ainda passa a olhos vendados, perceptível nos diversos discursos ainda
hegemônicos.
3 Fagocitose cultural indígena
Apesar das violências tanto de um lado – o branco –, quanto do outro – do indígena
transculturado –, obstante não se faça necessário a dual delimitação, o conceito de
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Original: “ligada a geopolíticas de lugar y espacio, desde la historia y actual resistencia de los indígenas”
.
(Tradução nossa).
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