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que se conheçam tais pessoas. O que seria um golpe de sorte para o historiador que se
interessa pela temática.
Quando o historiador encontra disponível um conjunto documental completo, o que é
uma situação privilegiada e de difícil ocorrência, tem-se acesso aos estatutos, aos relatórios
de exercício, às atas de assembleias, aos relatórios de movimento financeiro, aos relatórios
de entrada e saída de sócios, às correspondências, ao material iconográfico e, em casos de
categorias específicas como a dos tipógrafos, pode-se encontrar periódicos produzidos pela
mutual que é uma fonte valiosíssima, pois permite conhecer de perto o que pensavam os
integrantes de determinado ofício por meio de sua própria fala. Situação raríssima entre as
fontes referentes ao mutualismo. Esse tipo de situação, segundo Viscardi (2010, p. 27),
permite uma análise verticalizada da documentação e uma análise qualitativa sobre a
trajetória de determinada mutual. Os resultados de uma pesquisa dessa natureza não
permitem generalizações sobre o fenômeno, porém possibilitam um aprofundamento no
entendimento do que foi o mutualismo e, consequentemente, amplifica a percepção do que
era e qual a importância desse tipo de associação para os contemporâneos, em especial
aqueles que compunham o universo de sócios das organizações.
Na hipótese de não se encontrar um conjunto documental completo ou parcialmente
completo, a situação para o pesquisador se torna complicada e ele terá que buscar algumas
alternativas que possam subsidiá-lo na investigação do fenômeno. Resta ao pesquisador
procurar indícios das mutuais em jornais da época e em publicações oficiais, além de
correspondências enviadas pelas associações mutualistas às autoridades de então.
Compulsar-se-á uma quantidade imensa de documentos nos arquivos em busca de fontes
para a pesquisa. Nesta situação, a análise realizada pelo pesquisador se orientará por uma
visão panorâmica do fenômeno dando um enfoque maior às linhas mais gerais que
caracterizam o mutualismo.
Na combinação de alguns conjuntos completos ou parcialmente completos com a
ausência desses conjuntos, o que seria talvez a situação mais comum, o historiador deve
ser prudente e não incorrer no erro de recolher situações particulares das mutuais com
documentação mais farta e generalizá-las para as outras com documentação mais
parcimoniosa. O perigo de se generalizar situações, muitas delas específicas, é o de anuviar
o entendimento do fenômeno, situação a que não é difícil de se incorrer. O mutualismo tem
se mostrado cada vez mais complexo e diversificado. Por isso, toda a cautela é necessária
quando se estiver tirando as conclusões de determinados estudos.
2. “Artes e Ofícios” na Salvador da Província e do Estado