Página 430 - Anais do IV Seminário Leituras da Modernidade: entornos da poesia

ROMPENDO O SILÊNCIO: REPRESENTAÇÕES DO CORPO FEMININO EM
JUDITH TEIXEIRA.
Tayza Codina de SOUZA (PG-UNESP/ASSIS)1
RESUMO: Judith Teixeira (1880 – 1959) foi uma poetisa modernista portuguesa. O seu
primeiro livro foi publicado em 1923, provocando uma grande polêmica na sociedade lisboeta
da época, pois seus poemas retratavam o desejo feminino. A sua ousadia foi censurada pela Liga
de Ação dos Estudantes de Lisboa, e no mesmo ano de publicação seu livro foi cremado. O
presente artigo tem como objetivo principal romper o silêncio de Judith Teixeira, a poetisa após
as reprovações com a publicação do seu último livro, isola-se do meio literário e sua obra é
praticamente esquecida pelos críticos. Entretanto, além de colocar a poetisa em evidência, a
pesquisa analisa as representações do corpo feminino nos poemas. A poetisa explora o desejo
feminino, colocando em evidência um discurso erótico proferido por uma mulher, e talvez seja
esta a principal causa da opressão sofrida.
Palavras-chave: Literatura Portuguesa; Discurso Erótico; Corpo Feminino.
Introdução
“Limitados e a quererem limitar-nos o caminho!... Que grotesca ironia”. (Judith
Teixeira, De Mim. Conferência).
Judith Teixeira é mais um caso de silenciamento literário na literatura mundial,
sua biografia e obra poética ficaram por muitos anos longe da crítica e da academia. A
poetisa nasceu em 25 de Janeiro de 1880 na cidade de Viseu em Portugal, filha de mãe
solteira foi reconhecida pelo pai em 1907, após o decorrer de uma ação judicial por ela
requerida. Casou-se com o Senhor Jaime Levy Azancot, mas em 1907 foi acusada de
adultério e abandono do lar, levando a dissolução do seu casamento. Um ano depois,
casa-se pela segunda vez, com o advogado Alvaro Virgílio de Franco Teixeira. Judith
era uma poetisa modernista de grande atuação pública, em 1925 fundou, dirigiu e editou
uma revista literária, a Europa, além de colaborar com publicações em revistas e
semanários prestigiados: Contemporânea, Revista Portuguesa, Diário de Lisboa, ABC e
1 Graduada em Letras Vernáculas e Clássicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Mestranda
em Literatura e Vida Social pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
(UNESP/ASSIS).