e domine a tua vida!
Sim, amor..
deixa que se alongue mais
este momento breve!...
— que o meu desejo subindo
solte a rubra asa
que nos leve!
Maio
1925
O eu-lírico feminino assume uma posição de sujeito na relação sexual “Mais
beijos!.../ Deixa que eu, endoidecida/incendeie a tua boca/e domine a tua vida!“, esta
postura representada no poema rompe com o padrão conservador da mulher. Pois,
explora uma figura feminina que age ativamente com o parceiro e não é apenas um
objeto de reprodução, que sempre era representado através da postura passiva na relação
sexual, a estereotipada mulher-mãe.
2.
Perfis femininos – a temática homoerótica
René Pedro Garay (2001) em seu ensaio
Sexus sequor: Judith Teixeira e o
discurso modernista português,
publicado na Revista Literária
Faces de Eva,
revela a
recepção da obra poética de Judith Teixeira pela sociedade lisboeta “numa terra de
ninguém, numa posição indefesa perante uma moral burguesa, misógina e sexista que
inundou a crítica e a literatura da época.” (2001 apud GIAVARA, 2011ª, p. 6). Como
foi citado anteriormente a obra poética de Teixeira reverência o corpo feminino e suas
múltiplas possibilidades. Observa-se também nos poemas além de um eu-lírico
feminino consciente do seu corpo e do seu desejo, uma temática homoerótica, mais
especificamente a representação do lesbianismo.
Se no inicio do século XX a voz ativa de uma mulher revelando seus desejos e
atuando efetivamente na vida pública de Portugal causou um repúdio por parte dos