Dessa forma, quando uma mulher, como Judith Teixeira usa da palavra para
expressar sua consciência corporal é preciso que em público se explique tais razões.
Não é possível para os críticos que a poetisa crie uma poética erótica sem tê-la vivido.
Em conferência, ela explica-se: “As minhas emoções não podem, portanto, obedecer a
pautas nem a conceitos tradicionais. Nascem duma vibração misteriosa, e eu vivo-as e
sinto-as e traduzo-as na maior porção de elegância que a minha arte lhes pode dar”
(JUDITH, 1996, p. 210). Para o artista seja homem ou mulher não deve haver
limitações, a arte é livre, é a expressão do íntimo e criativo de cada indivíduo, nada deve
limitá-los.
O último livro publicado de Teixeira foi
Satânia
, em 1927, após esta época só
foram encontrados alguns textos publicados em periódicos em 1928. Logo depois desse
período nada se ouviu falar de Judith, nenhum nota em antologias poéticas, em obras de
crítica, a poetisa foi apagada da memória coletiva e da história literária de Portugal. A
escritora faleceu em 17 de maio de 1959 em Lisboa, segundo seu atestado de óbito, não
deixou filhos, bens e testamento.
A poetisa Judith Teixeira passou por um processo de “desmemória” literária.
Sua obra poética e sua biografia ficaram por muito tempo distante das pesquisas
acadêmicas, até que em 1977 um estudioso chamado António Manuel Couto Viana em
seu livro
Coração Arquivista
faz referência a Teixeira “É irresistível: leio as poesias de
Judith Teixeira e, separando muito trigo de muito joio, penso-as merecedoras de melhor
sorte do que o silêncio, a ignorância, a que têm estado votadas” (1977 apud JORGE,
1996, p. 15). Provocando nos intelectuais e na academia o interesse de conhecer sua
obra poética, assim após este período novos estudos emergiram do náufrago do
esquecimento e vieram à tona. “Cinquenta anos de silêncio tumular – até que chegue
1977 e um poeta amiúde conotado com a Direita tradicionalista, António Manuel Couto
Viana, lhe dedique uma memória no volume Coração Arquivista, ponto de partida para
o apetite investigatório que vai originar esta edição” (JORGE, 1996, p. 12-13).
O pesquisador Martim de Gouveia e Sousa (2011c) publicou um artigo,
intitulado
Judith Teixeira
, no Periódico
Viseupédia
para divulgar algumas informações
sobre a vida e a obra da escritora. Sousa é o criador do
Blog
Evropa,
espaço de
divulgação e circulação da obra da poetisa e da sua fortuna crítica. Infelizmente, seu
livro:
Judith Teixeira e o lugar: uma “irmã de Shakespeare”no modernismo literário