Página 385 - Anais do IV Seminário Leituras da Modernidade: entornos da poesia

Jornal do Brasil e o Prêmio de Poesia 1977 pela Associação Paulista de Críticos de
Arte (APCA).
“Sumidouro” significa, literalmente, “rio que some para o centro da terra, para
a profundeza”. Ampliando seu significado, Olga Savary o traduz como “‘mergulho que
o poeta faz para dentro de si mesmo através da poesia, o sumido ouro’” (SAVARY
apud TOLEDO, 2009, p. 45). A grande temática deste livro é o ser-poeta e seu universo
criador; os poemas selecionados desta obra refletem esta temática.
Linha D’Água
Linha D’Água, publicado em 1987, é o sétimo livro de poemas da autora e traz
poemas escritos de 1980 a 1987. Como já é exposto no título, a água é a grande temática
da obra. A água foi sempre presente na obra savaryana, porém firma-se neste livro, que
“[...] mostra a poeta num momento grande de processo criador, naquele em que se
empenha na busca do definitivo – como se existisse – explorando todas as
possibilidades poéticas para dizer tudo, para não esquece nada” (TOLEDO, 2009, p.
83).
A água possui, basicamente, uma simbologia tríplice, conforme destaca Toledo
(2009): água-vida, água-regenerescência e água-purificação. Na poesia savaryana, água
sempre esteve muito ligado à outra temática muito forte abordada pela autora, o
erotismo. “E o erotismo explode em Linha-d’água, como, de resto, em toda a poesia
savaryana, como vida, energia. A natureza é mais que natureza: é a natureza do corpo, a
água do corpo, a água do orgasmo” (TOLEDO, 2009, p. 84).
Os 4 elementos da paixão
“Fogo”
De acordo com Toledo (2009), este poema marca o nascimento do magma na
obra savayana, representando um erotismo, porém não tão explícito, sendo o fogo uma
forma de comunhão com a natureza.
“Fogo” é o primeiro poema que representa “Os quatro elementos da paixão”.
Esta denominação criada para os quatro primeiros poemas do livro sugere uma estreita
ligação entre a paixão e a natureza, visto que fogo , ar, terra e água são os quatro
elementos da natureza. Aqui, Olga Savary nomeia-os não mais da natureza, mas da