Página 326 - Anais do IV Seminário Leituras da Modernidade: entornos da poesia

a.C), que nomeia o canarinho, foi um dramaturgo grego, considerado o maior
representante da comédia antiga.
O título do livro Isto é um poema que cura os peixes, assim como sua primeira
frase na página de rosto Isto não é um peixe que cura os poemas , aludem a René
Magritte (1898-1967), um pintor surrealista belga. “Isto não é um cachimbo”, “Isto não
é uma maçã” são exemplos nomes de telas deste famoso pintor. Todavia, nestas telas
temos nitidamente a imagem do cachimbo e da maçã. Magritte foi um pintor que
abordava em suas pinturas o mundo do inconsciente, da imaginação, dos sonhos, das
idéias. Possivelmente quando ele diz que não é uma maçã, quer dizer que é somente a
imagem da maçã e não propriamente o objeto real. Nesse sentido, podem surgir
questões do que é real, ou seja, um objeto representado pela pintura é real? Ele existe ou
foi imaginado? Da mesma forma, o livro de Jean-Pierre Siméon é permeado de
perguntas ora explícitas ora implícitas: o que é um poema? O poema pode curar? O
poema transforma o invisível em visível? O poema se compõe de voz e silêncio?
Considerações finais
Por fim, ressaltamos que a poesia mostra aos leitores que existem várias
maneiras de usar as palavras e a linguagem. No livro O que é poesia, publicado em
2009, Edson Cruz reúne várias definições poéticas de poesia, como, por exemplo, a de
Carlito Azevedo que considera a poesia “algo tão generoso que às vezes até se dá o
trabalho de aparecer uma ou duas vezes um bom livro de poemas”.
No livro Isto é um poema que cura os peixes a generosidade se efetiva, pois
estamos diante de texto que, do começo ao fim, é permeado de poesia.
Conforme discorremos até aqui, de acordo com Candido (1972), a literatura
tem o poder de atuar na formação do indivíduo. Ainda, nas palavras de Candido, “a
Literatura não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que
chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz
viver.” (1972, p. 806)