– Ah é?
– E o poema é meu silêncio...
– Legal! (
Siméon, 2007,
p. 40, 42, 43)
E assim o livro chega ao seu fim. E nós leitores e apreciadores do bom texto
literário atentamos para o fato de que o adjetivo
legal
do final do livro se diferencia dos
demais, uma vez quer o acompanha o sinal gráfico que representa a exclamação, o que
atribui ao adjetivo uma carga imperativa e definitiva.
A função social, terceira e última função descrita por Candido, se refere à
identificação do leitor e de seu universo vivencial representados na obra artística. Nesse
sentido, maior é o efeito dessa função quando o leitor consegue relacionar a realidade da
obra às suas próprias experiências pessoais. Em
Isto é um poema que cura os peixes
temos, de forma metalinguística, uma das mais belas e interessantes reflexões sobre a
poesia. Não há uma única definição para
poema
, assim como não há uma única
interpretação para o texto literário.
Entretanto, dizer que um texto pode permitir várias leituras não implica, de
modo algum, admitir que qualquer interpretação seja correta nem que o leitor possa dar
ao texto o sentido que lhe aprouver. O texto que admite várias leituras contém em si
indicadores dessas várias possibilidades. No seu interior aparecem figuras ou temas que
têm mais de um significado e que, por isso, apontam para mais de um plano de leitura.
As interpretações devem encontrar apoio em elementos do texto.
As ilustrações são também muito interessantes no livro. Ora pontuando o texto,
marcando o início, as pausas e o fim, ora sugerindo simbolicamente uma idéia não-dita,
ou narrando uma ação, expressando emoções, ou ainda descrevendo objetos, cenários e
personagens, as imagens vão além das palavras, o que nos possibilita uma dupla leitura
poética: do texto e da imagem. Neste livro, duas formas de arte de juntam para tratar da
poesia. Com cores vivas “o ilustrador interpreta e ilumina os múltiplos sentidos da
palavra “poema” encontrados por Artur.” (FÁVERO, ano, p.9)
Outro recurso bem interessante utilizado por Olivier Tallec diz respeito à
alusão, referência explícita ou implícita a uma obra de arte, um fato histórico ou um
autor, para servir de termo de comparação, e que apela à capacidade de associação de
ideias do leitor. O recurso à alusão na Literatura pode testemunhar a relação de um autor
com a tradição que representa ou com a qual se identifica. Aristófanes (447 a.C – 385
1...,315,316,317,318,319,320,321,322,323,324 326,327,328,329,330,331,332,333,334,335,...445