O escritor e sua militância por um Brasil literário
Bartolomeu Campos de Queirós era um escritor preocupado com a educação e
com a leitura. Teve uma participação bastante ativa em encontros de professores e
especialistas em leitura, sempre compondo mesas-redondas e proferindo palestras, como
também conversava frequentemente com leitores de seus livros, por meio de encontros
em escolas. Vale ressaltar também a sua participação no Programa Nacional de
Incentivo à Leitura - PROLER, desenvolvido pela Fundação Biblioteca Nacional.
Com relação à forma como a escola se relaciona com a literatura, Bartolomeu
Queirós se expressa:
A escola é um espaço servil (palavra feia), a literatura não se reduz a isso.
Por ser assim, frequentemente, a escola usa a literatura tentando torná-la
também servil, buscando adequá-la às funções da pedagogia, tentando
colocá-la como objeto, ou melhor, como instrumento pedagógico.
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Para o escritor, cuja trajetória foi marcada tanto por questões da educação quanto
da arte, a escola "empobrece a literatura quando interrompe o voo permitido por ela, em
detrimento da formalização". (LIMA, 1998, p. 121) É evidente que Bartolomeu Campos
de Queirós está generalizando, mas sua fala tem respaldo tanto nas observações de
senso comum, em que se vê a todo instante a escola usando a literatura para que o aluno
aprenda um ou outro conteúdo, com perda de uma visão da literatura que incentive o
leitor/aluno a apreciá-la como objeto estético/artístico que de fato é.
No ano de 2012, alguns meses depois do falecimento do escritor, Júlio Abreu
lançou pela editora Autêntica um livro intitulado
Sobre ler, escrever e outros diálogos
,
uma coletânea de textos do escritor dividida em duas partes: “Leitura e memória” e
“Leitura e educação”. A primeira parte traz sete textos do escritor, num gênero que
mescla literatura e ensaio, que contribuem bastante tanto para a compreensão da
relevância da leitura literária para a formação humana quanto da memória como
matéria-prima para o fazer literário. A segunda parte traz quinze textos, que também se
situam entre a prosa poética literária e a ensaística, em que o autor tece considerações
sobre as complexas relações entre essas duas instituições, culminando com o texto do
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Entrevista concedida a Ebe Maria de Lima, publicada como anexo em LIMA, 1998. p. 121.
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