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No curso da segunda guerra mundial, OG posicionar-se-ia em favor dos
aliados, antes mesmo do ingresso do país no conflito, publicando farto material sobre
o conflito e, consequentemente, fortalecendo sua editoria internacional. Em 1945, o fim
da guerra coincidia com o fim do Estado Novo e, novamente, o periódico não seguiria
sua orientação inicial de não intervenção política, opinando nos rumos políticos do
país, sobretudo em relação à, segundo o periódico, a inevitável deposição do
presidente (DHBB-FVG, 2001. p. 2542). No curto período democrático que antecede o
golpe militar de 1964, OG manifesta-se no campo político, apoiando teses da UDN,
opondo-se ao governo de Juscelino Kubitschek e, posteriormente, apoiando o governo
Jânio Quadros. Com a suposta guinada à esquerda promovida por Jânio, sobretudo no
campo da política externa, o apoio do periódico da família Marinho transforma-se em
oposição declarada. O mesmo tratamento será dispensado a João Goulart, dado o
interesse do periódico na defesa do capital estrangeiro e o total repúdio em relação às
reformas de base idealizadas e postas em práticas pelo então presidente da
República. Assim sendo, o desacordo em termos econômicos e a guinada à esquerda
do governo Goulart são as justificativas do grupo para a defesa e apoio dispensados
ao movimento militar de março de 1964.
No curso dos governos militares, o periódico demonstra apoio às decisões no
campo econômico, social e político. O jornal apoiou incondicionalmente o governo do
marechal Castelo Branco, embora na esfera estadual, tendo rompido com Carlos
Lacerda em 1963, tenha apoiado o candidato oposicionista, Negrão de Lima, para o
cargo de governador da Guanabara. Possivelmente em decorrência desta
discordância política, Carlos Lacerda irá, em 1965, denunciar a infiltração de capital
estrangeiro na televisão nacional, referindo-se ao acordo financeiro firmado entre o
grupo televisivo comandado por Roberto Marinho e o grupo americano Time-Life. A
representação de Lacerda contra o órgão midiático das organizações Marinho
repercutiu na imprensa nacional, obtendo apoio dos
Diários Associados
e,
posteriormente, de
O Estado de S. Paulo
.
Transformando-se gradualmente no mais governista dos jornais brasileiros, OG
irá modificar posicionamentos que eram caros ao jornal em detrimento do apoio às
políticas governamentais adotadas pelos militares. Exemplo claro deste
posicionamento é evidenciado no apoio que o jornal dispensa à política de estatização,
sobretudo no governo Geisel, contrariando os próprios ideais liberais que o jornal
sempre alardeara, e indo contra grande parte da imprensa nacional que, enquanto
órgãos da iniciativa privada, contrariariam e criticariam medidas deste caráter.
Ademais, o jornal caracterizou-se pelo apoio incondicional ao combate à subversão,