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jornal veiculou ao longo de sua história e precisando suas orientações políticas. Já o
livro de Capelato e Prado (1980) sobre
O Estado de S. Paulo
(OESP) busca
compreender a ação política do jornal na fase de transição da Primeira República para
o corporativismo da Revolução de 1930, tomando o jornal como fonte única de
investigação e análise crítica. Pode-se acrescentar também o livro de autoria. Andrade
(1991) apresenta uma boa síntese da formação e desenvolvimento o
Correio da
Manhã
, tratando da direção sob o comando de Edmundo Bittencourt e,
posteriormente, de Paulo Bittencourt, a participação de Costa Rego como editor-chefe
do jornal, bem como cuida de alguns aspectos da relação do diário com a política dos
anos de 1920 e de 1930, procurando, assim, definir o periódico como um jornal de
opinião durante boa parte da história republicana. Wainberg (2003) oferece uma
análise comparativa entre o condomínio de empresas da área de comunicação de
Assis Chateaubriand e o do norte-americano Heartz, trazendo subsídios que
contribuem para aquilatar o grau de possibilidades para que empresas daquele porte
pudessem existir tanto no concorrido mercado da imprensa dos Estados Unidos como
no ainda, incipiente mercado jornalístico brasileiro.
Assim, é possível afirmar que dois tipos de empresas jornalísticas, e por
extensão de produção de jornalismo, passavam a coexistir na década de 1930: as que
integravam condomínios comunicacionais formados por veículos impressos e
radiofônicos; e aquelas que se mantinham apenas dentro da linha do jornalismo
impresso com um ou dois diários por vezes, algum ou mais título de revista. Ponto
importante a ser destacado diz respeito à resistência de agentes envolvidos com a
produção jornalística com relação às pressões e influências que o rádio introduzia no
universo da produção do jornalismo impresso – ameaçado pela popularização das
folhas que, em grande medida ainda eram integradas por literatos, se viam na
necessidade de dividir suas verbas de publicidade com o rádio -, se impunha a
questão da autonomia do jornalismo com relação a grupos políticos e ao Estado. Um
jornal não dependia, e ainda não depende de nenhuma concessão do Estado para
funcionar, assim como um jornal ou revista podia, e continua podendo, prescindir da
publicidade oficial e de subsídios de governos. Contudo, não sem cair no risco da
influência do dinheiro privado. Ao contrário, uma emissora de rádio não podia, e não
pode operar sem concessão pública. Mesmo que não lhe seja imprescindível a
publicidade e verba de governos, ela tem sempre sob a cabeça a possibilidade de não
renovação ou cassação de sua concessão, o que pode ocorrer caso não se mantenha
em sintonia com os humores e interesses do poder federal. Havia a cautela com a
qualidade das transmissões públicas, o que asseverou a preocupação do Estado em
controlar as emissões radiofônicas, assunto que tomaria maior espaço durante a