79
Houve durante a década de 1930 a consolidação de um meio de comunicação
social que exerceu papel ativo no país, influenciando a sociedade tanto em aspectos
culturais quanto políticos. Entretanto, é importante ressaltar que, assim como em
outros países do Ocidente, no momento em que se deu o advento da radiodifusão, o
Brasil contava com o jornal como principal meio de comunicação informativo. O rádio
se tornaria um concorrente efetivo a partir dos decretos-leis do inicial governo Vargas,
especialmente o assinado em 1931, o qual, inclusive, instituiu o regime de concessão
de serviços de radiodifusão a particulares. Momento em que os jornais davam passos
firmes rumo ao modelo empresarial de Jornalismo. As folhas tiveram que contar com a
concorrência de um meio eletrônico que possuía fronteiras muito mais amplas, cujos
produtos podiam ser consumidos por pessoas de todas as classes sociais e níveis de
escolaridade, além de contar com difusão geograficamente significativa. Fatores que
levaram a imprensa impressa a atenuar sua condição privilegiada de veículo de
comunicação, dado, sobremodo, que o concorrente possuía o poder de divulgar
notícias em tempo quase real.
A história inicial da imprensa brasileira tem sido dividida em três períodos. A
fase pré-capitalista, correspondente à segunda metade do século XIX. Em seus
primeiros anos de existência, os jornais apenas prestavam pequenos serviços
informativos. A segunda fase, no final do século XIX, iniciou-se quando a imprensa
passou a incorporar a opinião política. Momento em que surgem as primeiras folhas
oposicionistas, abolicionistas ou republicanas, as quais se beneficiavam da
liberalização e implantação das primeiras tipografias no Brasil, o que proporcionou
avanços técnicos e o aumento do número de publicações e tiragens. A última, iniciada
com a consolidação da República, no início do século XX, a imprensa nacional se
firmou, apresentando características empresariais e comerciais. As notícias
começaram a tornar-se mercadorias comercializadas como qualquer outro produto.
Com incremento do serviço de telégrafo, as folhas foram incorporando reais
aprimoramentos na maneira de se fazer jornalismo (SODRÉ, 1967, p. 251-275;
BAHIA, 1967, p. 46-86).
Os fundamentais trabalhos sobre imprensa, citados acima, centram-se na
análise sobre o desenvolvimento da imprensa nacional a partir do século XIX,
entretanto, Bahia (1972) tem como marco final meados do século XX, enquanto Sodré
(1999), por meio de atualização, incorporou uma análise sobre novos meios da
imprensa, como rádio e TV, apesar de passar pelos temas sem destinar grande
atenção. Há ainda estudos históricos que cuidam da gênese e trajetória de jornais
específicos. O livro de Mota e Capelato (1981) sobre a
Folha de S. Paulo
(FSP) tem a
intenção de recompor a trajetória da Agência Folhas, tratando da mensagem que o