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ter sido utilizado para fins políticos nas eleições de 1930, como citado anteriormente.
Segundo o historiador Antônio Pedro Tota, o que ocorreu em 1932 foi uma
verdadeira
guerra no ar
entre as emissoras do Rio de Janeiro e de São Paulo e mesmo entre
emissoras paulistas que ocupavam campos opostos na batalha. As rádio Philips do
Rio de Janeiro e a Record de São Paulo, que até poucos dias antes da revolução
realizavam transmissões conjuntas tornaram-se inimigas. Após o início do movimento
paulista as emissoras passaram a servir como armas na luta, definindo, cada uma, seu
lado no conflito. O rádio mostrou-se um excelente meio de propaganda ideológica,
tanto as transmissões cariocas captadas em São Paulo, quanto as mensagens
paulistas captadas no Rio de Janeiro passaram a ser consideradas perigosas, as
emissoras estavam empenhadas em desmentir as notícias produzidas pelo inimigo.
(TOTA, 1990, p. 97 – 98).
Federico (1982) aponta a precariedade da estrutura econômico-financeira das
emissoras com a pouca curiosidade da sociedade em relação ao rádio até a
aprovação dos decretos. A autora deixa transparecer que o interesse do público pelo
rádio só ocorre quando as emissoras se tornam atrativas no início de 1930, em virtude,
unicamente, de uma programação voltada para o gosto popular. Ferraretto (2000)
considera o período posterior aos decretos como o momento de estruturação do
veículo e do nascimento do rádio como espetáculo e empresa comercial, uma vez que
durante a primeira metade dos anos 1920 não havia a consciência das potencialidades
de lucro que o rádio poderia ter a partir de uma programação financiada pela venda de
espaços para propaganda. Somente com a regulamentação publicitária é que o
veículo iniciou uma nova fase que associou o poder comercial à espetacularização da
programação.
Azevedo (2002) enfatiza o perfil comercial do rádio a partir de 1930 e relaciona
o crescimento do setor radiofônico unicamente à questão financeira, quando a
publicidade iniciou sua trajetória no veículo. De acordo com a autora, a década de
1920 representou uma fase de amadorismo no rádio, uma vez que não haviam muitos
aparelhos devido ao custo, o que limitou sua aquisição a uma pequena parcela da
sociedade. A falta de verbas e de ouvintes restringia os horários e a variedade dos
conteúdos veiculados. Para a autora, a principal fonte financeira eram os associados,
que colaboravam com uma quantia mensal, mas que não mantinham a regularidade
no pagamento. Azevedo acrescenta que a regulamentação publicitária expressa pela
primeira vez no decreto de 1924, não era clara. Na prática, não era permitido que as
emissoras tivessem seus programas patrocinados por anunciantes, citados ao longo
da programação, mas havia um desinteresse dos anunciantes em relação à eficácia
do rádio como meio capaz de estimular o consumo.