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periódico enfatiza. Nesse sentido, é interessante observamos a perspectiva temporal
do texto que apresenta o
Credo Paranista
, de autoria de Sebastião Paraná, escrito que
se tornou referência do Movimento Paranista de 1927. Vejamos como se expressou a
revista sobre o autor do texto:
O seu ‘CREDO PARANISTA’, que aqui reproduzimos, é página
expressiva daquele sentido de vida [vida de Sebastião Paraná] e
serve para iluminar, como exemplo, as novas e futuras gerações que
desejem ver nosso Estado se salientar no conjunto nacional (A
DIVULGAÇÃO, 1954, p. 49).
Como podemos notar, para afirmar que não era um “indigente cultural” e que
tinha sua história, sua literatura, suas lendas, seus símbolos, a sociedade recorria aos
discursos forjados no início do século XX.
Os autores escolhidos para serem rememorados pensaram a literatura e a
história regional e se tornaram referências para os colaboradores de
A Divulgação
. O
ato de rememorar os sujeitos e seus discursos denota a intenção de afirmar memórias,
de manter no presente a ligação com esses nomes que atuaram no passado e serviam
de exemplo para o futuro. É nessa identificação com o passado que compreendemos
existir uma sensibilidade ideológica e cultural partilhada entre os colaboradores da
revista. Devido a isto, entendemos que a revista pode ser caracterizada como “ponto
de encontro de itinerários individuais unidos em torno de um credo comum”
(SIRINELLI apud LUCA, 2010, p. 140).
Contudo, devemos ter cautela, pois fazemos uma generalização perante a
impossibilidade de detidamente analisarmos os itinerários de cada colaborador do
periódico e avaliarmos em que medidas as ideias expressas estabeleceram diálogos
em torno de um credo comum. Por outro lado, acreditamos que os colaboradores não
se reuniram em torno da revista por uma simples oportunidade de fala, mas sim por
existir alguma cumplicidade de valores entre o projeto editorial e os colaboradores.
Na revista, David Carneiro foi apresentado como um destacado historiador.
Nelas, abordou temas regionais que vinham sendo estudados por ele desde suas
primeiras incursões ao passado. Não podemos nos esquecer de que estamos tratando
de um veículo de imprensa e isto sugere uma circulação maior do que a dos livros;
portanto, seria a oportunidade, por meio de outro suporte, de Carneiro levar a um
público maior e mais diversificado o conhecimento das raízes históricas, das tradições
e dos “heróis” paranaenses.
Foram diversos os temas que David Carneiro abordou no periódico, como as
bandeiras curitibanas e a ação de Afonso Botelho, figura que teria sido decisiva nos