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O comércio cresce pujante e promissor; a indústria se organiza e se
estrutura; a economia perdeu o cunho de monocultura para tornar-se
poliforme e sólida; o movimento bandeirante, segundo o espírito da
época, prossegue em ritmo acelerado nas regiões de colonização
dispersas no norte do Estado; a população aumentou
vertiginosamente na capital e nas principais cidades (VELLOSO,
1948, p. 2).
De acordo com o texto, em um passado de “lutas e dificuldades” se assenta o
presente, cuja conjuntura positiva salienta um “futuro próspero”. Nesse sentido, a
missão do periódico estava em divulgar intensamente o Paraná, segundo seu próprio
diagnóstico:
[...]
o Paraná é um Estado que precisa sobretudo de boa
propaganda. Propaganda no sentido educativo, com escopo de torná-
lo mais conhecidos dos próprios paranaenses e dos patrícios de
outros estados (VELLOSO, 1949, p. 1).
A “necessidade” de tornar o Estado conhecido e respeitado, como David
Carneiro postulou enfaticamente em suas obras, foi reafirmada pela revista na edição
de seu primeiro aniversário. Para o editor, a publicação tinha um papel pedagógico –
leia-se cívico – que visava instruir o cidadão paranaense, ensiná-lo sobre o passado
regional, sobre a geografia, as riquezas naturais e informá-lo do que estava sendo
feito na cena política, ações que deveriam garantir um “futuro promissor”.
Observando mais detalhadamente as publicações até o ano de 1955, podemos
constatar que
A Divulgação
esteve sempre em consonância com a conjuntura política,
apesar de sua pretensa “neutralidade” (VELLOSO, 1955, p. 1). Com a aparente
inexistência de filiação partidária, a revista
pôde se alinhar às lideranças do momento.
No governo de Moysés Lupion (1947-1951),
13
a revista saudou a colonização
do norte e oeste do Estado,
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o incentivo à economia cafeeira, à vinda de imigrantes e
o projeto “Plano Hidro-Elétrico Moysés Lupion”. O periódico veiculou a ideia de uma
“nova era” com as realizações do governo Lupion. O discurso de marco do progresso
e símbolo de novos tempos também esteve presente na divulgação do projeto de
construção do Centro Cívico, no governo Bento Munhoz da Rocha Netto (1951-1954)
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Moysés Lupion foi o primeiro governador da era democrática. Lupion foi eleito em 1947 com
as benções do Interventor Manoel Ribas, este governou o Paraná entre 1932 e 1945. Pode-se
ler: Cf. MAGALHÃES, 2001.
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A política de ocupação e distribuição de terras do governo Lupion gerou conflitos entre
posseiros, grileiros e fazendeiros. A forma como as contendas foram reprimidas lhe rendeu
muitas críticas, que, na avaliação de David Carneiro, deviam ser relativizadas. Para ele,
fascinado pelos ideais de progresso, a despeito da violência da ocupação e distribuição de
terras, o que importou foram os resultados, “ele tornou o Paraná um grande Estado”
(CARNEIRO apud ABRÃO, 1988, p. 4).