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vivenciado no início do século XX, a elevação dos custos foi maior que o aumento na
venda de jornais e revistas, a degradação da qualidade informativa da imprensa se
instalou, o sensacionalismo vicejou em franca competição pelo leitor. Em dificuldades,
a imprensa tomou-se ameaçada pelo rádio, promovendo “reações crispadas e
doentias” contra o meio eletrônico (JEANNENEY, 1996b, p. 134).
Nos EUA, um relatório da Associação Americana de Editores de Jornais
(ANPA) denunciava com grande violência, em 1934, a concorrência dos rádios na
difusão de informação. Na Grã-Bretanha, desde o surgimento, em 1923, dos primeiros
“jornais falados”, a imprensa escrita, um grupo de pressão eficaz junto aos dirigentes
políticos, conseguiu que boletins informativos radiofônicos não fossem difundidos
antes das 19 horas, horário que possibilitava a venda de edições de jornais matutinos,
vespertinos e noturnos. Outra reação mais inventiva conduziu a imprensa a vislumbrar
sua participação no rádio, como no caso de alguns jornais norte-americanos que
firmavam diversos acordos com emissoras de rádio. Diante da imediatez da
informação emitida pelo rádio, os jornais optaram pelo tom reflexivo na produção de
informações, propondo um jogo de resistência que consistiu em desenvolver a
diferença e a concorrência ao mesmo tempo. Outro ponto importante a ser destacado
na concorrência entre jornal e rádio era relativo à publicidade, cujas verbas cada vez
mais tendiam a migrar para o meio radiofônico (JEANNENEY, 1996b, p. 121 – 140).
No Brasil, os primeiros experimentos com o rádio datam do final do século XIX,
quando Landell de Moura, padre e cientista, realizou uma transmissão em ondas
hertzianas na Avenida Paulista, em São Paulo (TAVARES, 1999, p. 19-25). No
entanto, a primeira transmissão oficial deu-se apenas em 1922, durante a Exposição
Nacional Comemorativa do Centenário da Independência, ocorrida na cidade do Rio
de Janeiro. No dia da abertura do evento foram transmitidos pronunciamento do
presidente da República Epitácio Pessoa e a encenação de “O Guarany”, ópera de
Carlos Gomes, diretamente do Teatro Municipal.
Em 1923, o médico e antropólogo Roquette Pinto fundou, na então capital
federal, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cuja finalidade era transmitir programas
culturais e educativos, nos moldes dos que eram veiculados por emissoras europeias.
Ao contrário do caso norte-americano, e igualmente ao europeu, o rádio brasileiro
desenvolveu-se de maneira lenta. Em 1930, o país contava com apenas 16 emissoras,
a maioria situada no eixo Rio de Janeiro – São Paulo. A legislação não permitia
propaganda publicitária, o que obrigou o rádio a funcionar durante muitos anos sob a
forma de clubes e sociedades, possuindo sócios contribuintes que pagavam uma taxa
mensal para manter o funcionamento das emissoras. Até então a programação
restringiu-se à difusão de músicas clássicas, óperas, entrevistas de estúdio, leitura e