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comentários das notícias publicadas nos jornais da época e da apresentação de
artistas (AZEVEDO, 2002, p. 49-55).
O custo do aparelho de rádio, naquele momento composto exclusivamente
pelos
rádios de galena
, onde a escuta só era possível por meio do fone de ouvido, o
que limitava a escuta a apenas uma pessoa, era bastante alto. Em São Paulo, por
exemplo, um aparelho deste citado custava, em agosto de 1924, 1:200$000 réis,
enquanto uma família de trabalhadores composta por cinco membros recebia, em
média, 500$000 réis por mês. (TOTA, 1990, p. 28). A transmissão também era
bastante prejudicada por problemas técnicos, o que constantemente tirava as
emissoras do ar e não permitia que essas possuíssem uma programação regular.
De acordo com Vieira (2010), houve durante a década de 1920 um projeto de
disseminação do rádio como tecnologia que foi bastante relevante para a
popularização do veículo a partir do início da década de 1930. Ao utilizar fontes
impressas como o jornal
O Globo, Gazeta de Notícia
e a revista
Rádio.
documentos
referentes à Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e intensa revisão bibliográfica, a
autora desmistifica questões quanto ao papel elitista do meio, expondo que a
disseminação do veículo se deu de maneira rápida, uma vez que aparelhos de rádio
poderiam ser construídos em casa com objetos comuns ao cotidiano.
O rádio brasileiro iniciou seu efetivo crescimento na década de 1930,
impulsionado pela aprovação dos Decretos-Leis nº 20.047, de 27 de maio de 1931, e o
de nº 21.111, de 1º de março de 1932, assinados por Getúlio Vargas durante seu
Governo Provisório. Tais decretos permitiram a veiculação de propaganda publicitária
durante a programação. Neste momento o rádio buscou o caminho da
profissionalização, uma vez que novas empresas de radiodifusão se formavam,
anunciando projetos que conquistariam definitivamente o público ouvinte,
transformando o meio em um elemento indispensável em grande parte dos lares
brasileiros. Ao transmitir uma programação variada com capacidade de satisfazer
preferências diversas, a radiodifusão começou a participar intensamente do cotidiano
brasileiro e mostrou sua potencialidade como arma política (CALABRE, 2004, p. 13)
Em São Paulo, as eleições de 1930 já contaram com a presença efetiva do
rádio. A Rádio Educadora Paulista tinha entre seus associados Júlio Prestes,
candidato à Presidência da República. Esquecendo seus princípios puramente
educativos, a emissora fez efetiva campanha para o candidato paulista. Dentro da
Rádio Educador não se falava nos nomes de Getúlio Vargas e da Aliança Liberal.
(TOTA, 1990, p. 63-64).
No entanto, a capacidade de mobilização política do rádio tornou-se realmente
evidente na Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, apesar do meio já