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Em
A Divulgação
, David Carneiro gozou de amplo reconhecimento por seu
trabalho como pesquisador do passado.
3
A produção intelectual do historiador ocupou
um espaço privilegiado nesse local de enunciação de ideias e de pensamentos.
4
O
periódico, então, endossa a aceitação da narrativa histórica de Carneiro na sociedade
curitibana da primeira metade do século XX.
A escolha dessa revista se deve tanto pela linha editorial, a
divulgação da
cultura paranaense
, quanto pela assiduidade das publicações de David Carneiro.
Também nos chamou a atenção o fato de
A Divulgação,
mesmo tendo seus textos
trabalhados em estudos acadêmicos, não ter sido objeto de investigação. Assim, ao
partimos da premissa de que a análise de qualquer publicação ou periódico deve ser
articulada à sociedade na qual se origina e atua (CRUZ; PEIXOTO, 2007, p. 257),
inicialmente, conheceremos melhor o imprenso. Ao analisarmos a sua política editorial,
compreenderemos a inserção de Carneiro como um dos principais colaboradores do
periódico.
Divulgando
A Divulgação
começou a ser editada em novembro de 1947, em Curitiba. A
partir de junho de 1959, a revista passou a se denominar
Divulgação Paranaense
.
5
A
periodicidade da revista variou entre bimensal e trimensal, sendo que, a partir de 1954,
encontramos mais números de publicações mensais. A média de páginas estava entre
30 e 60 por número. As matérias variaram entre temas políticos, econômicos, saúde,
vida social, literatura e história. Continha notícias, reportagens, entrevistas e artigos
assinados.
Pela necessidade de delimitação temporal optamos por centrarmos entre os
editoriais de 1947 e 1955. A escolha desse período se deve pela atuação de David
Carneiro, que se destaca como um dos principais colaboradores da revista. Fora
dessas datas encontramos apenas uma publicação do autor, em 1962.
3
David Carneiro foi um historiador autodidata, um membro atuante de Institutos Históricos e
Geográficos e Academias de Letras. Embora tenha escrito sobre temas históricos diversos,
observamos um número maior de textos dedicados a episódios da história política e econômica
paranaense.
4
Partimos das considerações do historiador Jean-François Sirinelli, para ele as revistas são
lugares de “fermentação intelectual e de relação afetiva, ao mesmo tempo viveiro e espaço de
sociabilidade [...]” (SIRINELLI, 2003, p. 249).
5
Os exemplares consultados estão localizados na seção de periódicos paranaenses da
Biblioteca Pública do Paraná. A biblioteca possui um acervo quase completo dos números da
revista
até o número de abril de 1965, após essa data em seus arquivos encontramos alguns
exemplares do ano de 1973 e 1975, o último número do acervo é 254, de 1975. Ou seja, não
temos a informação do período total de edição do periódico.