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publicações periódicas que apresentam um conjunto de tendências estético-
ideológicas próprias do período, como o nacionalismo literário, o gosto pela natureza,
certa subjetividade, a colaboração de autores conhecedores do seu papel, aliadas ao
enriquecimento gráfico proporcionado pelas estampas e gravuras, bem como a ética e
a pretensão didática, assim como, confiança nas ações governamentais, para além de
propagar conhecimentos, instruir e agradar, e, juntos, promoverem a civilização.
Sant’Anna (2008) afirma que a revista contou com a colaboração de homens
empenhados em promover o progresso das letras, das artes, bem como a divulgação
de diversos tipos de conhecimento, o que satisfazia parte das expectativas que
Antonio José Fernandes Lopes mantinha com relação à revista que editava. A autora
ainda ressalta que, ao publicar em suas páginas uma grande variedade de retratos,
ilustrações e obras literárias, a revista contribuiu, certamente, para informar e agradar
o leitor português e brasileiro da época. Sant’Anna também concluiu que, mesmo não
tendo sido uma publicação inovadora,
A Ilustração Luso-Brasileira
veio na esteira da
tradição ilustrada lusitana em ascensão, pois amparou
O Panorama
no que havia sido
começado por esse periódico em Portugal, confirmando a existência da imprensa de
ilustração lusitana. Por fim, Sant’Anna afirma que, este periódico, cumpriu
significativamente com os objetivos propostos em seus editoriais de apresentação.
O estudo sobre a revista
A Illustração Luso-Brazileira
justifica-se pela pouca
atenção que a historiografia dispensou às relações entre Portugal e Brasil após a
Independência, passando o universo de interesse de estudos voltarem-se mais para
as relações Brasil-Inglaterra. Ainda assim, é preciso destacar alguns trabalhos
importantes que, sob perspectivas diversas abordaram as relações Portugal-Brasil
após a Independência.
O trabalho de Mauro César Silveira (2001), por exemplo, estudou a relação
entre os dois países no âmbito da Guerra do Paraguai. Fernanda Paula Souza Maia
(2012) procurou na relação entre os dois países no período pós 1822, e em especial
sobre o tratado de 1836, estabelecer uma desconstrução da retórica da afetividade
presente no discurso parlamentar português. E, como um trabalho de grande folego e
importância sobre as relações bilaterais entre os dois países tem se a publicação em
2000 da obra
“Depois das caravelas as relações entre Portugal e Brasil 1808-2000”
dos autores Amado Luiz Cervo e José Calvet de Magalhães, o livro, segundo
Wolfgang Dopcke (2000, p. 192-194), preenche um grande lacuna na literatura