A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 49

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ignorar a possibilidade de propaganda, ou das visões estereotipadas do “outro”, ou
esquecer a importância das convenções visuais aceitas como naturais em uma
determinada cultura ou num determinado gênero (MENESES, 1996).
Essas discussões permitem que se identifiquem as características básicas do
periódico
A Ilustração Luso-Brasileira
publicado em Lisboa, fonte e objeto para estas
reflexões. Em 05 de janeiro de 1856
A Ilustração Luso-Brasileira
foi impressa na
tipografia de seu proprietário, o empresário António José Fernandes Lopes
.
Situada na
Travessa da Victória, nº 52, o periódico ora era designado pelos seus redatores como
um jornal,
Jornal universal, literário, cientifico e ilustrado,
ora como revista
(SANT’ANNA, 2008). O editor da revista ressaltou que,
A Ilustração Luso-Brasileira,
era um periódico destinado aos dois países
e estava aberto a quem cultivasse as
letras tanto em Portugal como no Brasil (A ILUSTRAÇÃO LUSO-BRASILEIRA, 1856,
p.1). Tendo como uma de suas propostas, ser uma publicação de textos inéditos, pelo
menos no que se referia a Portugal. E de fato, segundo Sant’Anna (2007), não
publicou nenhum texto que tivesse sido publicado a um ou mais periódicos
portugueses. A revista era uma publicação semanal, saia todos os sábados, contendo
oito páginas de três colunas, por edição, com exceção do número 52 que continha
apenas quatro páginas. Na primeira página quase sempre era publicado o sumário dos
artigos e das gravuras. Cada número trazia charges, retratos e ilustrações
relacionados com um ou mais textos publicados na revista (SANT’ANNA, 2008).
A revista foi
publicada sem interrupções, nos anos 1856, 1858 e 1859. No ano
de 1857 a publicação da revista foi suspensa, devido a muitas razões, dentre elas, a
falta de papel (A ILUSTRAÇÃO LUSO-BRASILEIRA, 1856, p.416). E, provavelmente,
pelo fato de um número significativo de assinantes não ter quitado a dívida referente à
assinatura do primeiro volume (1858, p.1). O periódico contou com um quadro
significativo de colaboradores, o que contribuiu para a sua não interrupção ou atraso
na edição de um número a outro por falta de matérias. Encontra-se na revista a
colaboração de portugueses ilustres como Alfredo Hogan Posolo, Andrade Ferreira,
Francisco Duarte de Almeida e Araújo, Ernesto Biester, Henrique Van Deiters, José
Mendes Leal Junior, Ignácio de Vilhena Barbosa, José de Torres, Raimundo Antonio
de Bulhão Pato, dentre outros e com uma significativa contribuição do brasileiro
Casimiro de Abreu (SANT’ANNA, 2007).
Segundo Sant’Anna, no primeiro volume d’A Ilustração Luso-Brasileira, foi
publicado um grande número de ensaios literários, classificados, por Sant’Anna,
segundo a procedência, como brasileiros, portugueses e de outros países. O mesmo
critério vigorou relativamente aos contos, peças teatrais, romances folhetins e poemas.
A autora chama a atenção para o fato de que, no periódico, também se fazem
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