A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 46

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objetivos propostos assim como inquirir sobre a sua ampla gama temática. As
condições materiais e técnicas em si dotadas de historicidade, mas que se prendem a
contextos socioculturais específicos, que devem permitir localizar o periódico em uma
série, uma vez que este não se constitui em um objeto único e isolado. Portanto, o
conteúdo em si não será dissociado do lugar ocupado pela publicação na história da
imprensa Portuguesa e Brasileira.
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(LUCA 2006 p. 132-134; MARTINS 2003, p. 60-61)
Com relação ao conteúdo levaremos em consideração a subjetividade de quem
escreve, pois, “a imprensa periódica seleciona, ordena, estrutura e narra, de uma
determinada forma, aquilo que se elegeu como digno de chegar até o público.” (LUCA,
2006, p.
139
). Os discursos contraem significados de muitas formas, inclusive pelos
processos tipográficos e de ilustração
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que os cercam. A ênfase em determinados
temas, a linguagem e a natureza do conteúdo associam-se ao público que a revista
pretende atingir. Trabalharemos com o que foi publicado, o que por si só já envolve um
espectro de questões, pois será preciso averiguar as motivações que levaram à
decisão de dar publicidade a alguma coisa. E, ter sido publicado implica atentar para o
local em que se deu a publicação, o que atribui determinado significado a notícia,
assim como as hierarquias que as atravessam. A atenção será voltada também para o
destaque conferido ao acontecimento (LUCA, 2006, p. 140).
Outra característica importante a ser levada em consideração é a revista,
pensada, enquanto espaço de discussões intelectuais, relações afetivas e
sociabilidades. O que torna o periódico um projeto coletivo por agregar pessoas em
torno de ideias, crenças e valores que se pretende difundir a partir da palavra escrita
ou ilustração. Nesse sentido faz-se necessário procurar identificar cuidadosamente o
grupo responsável pela linha editorial, estabelecer os colaboradores mais assíduos,
atentar para a escolha do título e para os textos programáticos, que dão conta de
intenções e expectativas, assim como fornece pistas da leitura de passado e futuro
compartilhada por seus propugnadores. Apresenta-se também como relevante, inquirir
sobre suas ligações cotidianas com diferentes poderes e interesses financeiros
(LUCA, 2006, p. 140).
Os redatores devem ser encarados como novos agentes culturais e políticos
(MOREL, 2008, p. 39). As redações serão interpretadas como espaços que aglutinam
diferentes linhagens políticas e estéticas, compondo redes que atribuem estrutura ao
campo intelectual e permitem refletir acerca da formação, estruturação e dinâmica
destes. O sumário que se expõe ao leitor resulta de “intensa atividade de bastidores”.
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Tais propostas foram estabelecidas por, e possuem diversos pontos em comum, entre as
propostas das historiadoras Tania Regina de Luca (2006) e Ana Luiza Martins (2003.)
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As ilustrações inseridas nos periódicos constitui, segundo Martins (2003), representação com
forte carga documental, merecendo, portanto análise mais detida.
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