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Com tons de exaltação, a revista pretendeu divulgar a beleza geográfica e o
potencial econômico dos pontos turísticos retratos, assim descreveu as imagens:
A Esfinge, no Rio Ipiranga, nas proximidades do Pico do Marumbi,
engastada no maciço da Serra do Mar, no trecho Paranaguá-Curitiba,
é um quadro de rara e misteriosa beleza primitiva, talvez único no
gênero em todo o mundo, pois sua imponência sobrepuja a das
esfinges artificiais egípcias. Um dos maravilhosos saltos das Setes
Quedas, no Rio Paraná, fonte inesgotável de energia hidráulica,
motivo central de atração turística. Vila Velha, em Ponta Grossa,
onde se erguem eriçadas para o céu antiquíssimas formações
areníticas, como suas grutas e pilares artísticos, dando ao turista a
impressão nítida de que está presenciando resquícios de uma
civilização destruída através de milênios (NOSSA CAPA, 1948, p. 1).
Ainda em relação à linha editorial, percebemos no editorial
O Paraná em franca
expansão
, da mesma edição da capa, a marca do discurso de dois “historiadores
tradicionais”,
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Romário Martins e David Carneiro. Antes do texto, veicula-se uma
ilustração em preto e branco.
Imagem 2 -
VELLOSO, Arnaud F. O Paraná em franca expansão.
Fonte:
A Divulgação
, Curitiba, p. 2, fev./mar., 1948.
Nela percebemos um homem robusto, de roupas simples, certamente um
trabalhador, de pés no chão, braços levantados saudando a liberdade, simbolizada
pelas correntes rompidas. A leitura do texto nos sugere que este homem representa
um “araucaniano”, ou seja, aquele homem da terra da araucária angustifólia, árvore
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O termo “historiadores tradicionais” foi constantemente utilizado por David Carneiro. Identifica
os historiadores que, desde a virada do século XIX para o XX, se dedicaram a pensar a
identidade histórica da região.