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Figura 1
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Semana Ilustrada
, n° 2, capa, - dez, 1860.
SEMANA ILUSTRADA
La[n]terna Mágica
Ridendo castigat mores
No logo marcado pelo humor, malícia e mesmo desordem, o Dr. Semana
convida o leitor a observar condutas e males da sociedade de forma humorística,
como sugere o sorriso e a piscadela. No entanto, Karen Fernanda e Lúcia Paschoal
Guimarães consideram que o propósito do periódico não era apenas produzir o riso,
mas também assumir uma função cívica e de caráter pedagógico, de propor ideias
sãs, que evidenciassem os maus costumes sociais, com intuito de orientar o cidadão
para a ação no espaço público. Nessas circunstâncias, o projeto editorial não buscava
ofender a sociedade ou gerar conflitos, mas sim, com a sátira e o humor, corrigi-la e
assegurar-lhe um futuro, cujo modelo era o europeu.
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Laura Nery preocupou-se com os sentidos do humor nas caricaturas, com o
intuito de melhor compreender a
Semana
. Com seu repertório de contos e poesias,
mas principalmente de caricaturas e crônicas, que representavam e discutiam os
principais assuntos da corte, a
Semana Ilustrada
buscava, segundo a autora, criticar a
hipocrisia e os vícios da elite, a partir da linguagem clássica do riso, a tópica satírica
tradicional, que se aproximaria das formas de obter o riso criado por Molière, cujos
motes seriam a contraposição entre certo e errado, sábio e tolo, simulação e
sinceridade (NERY, 2011a). Ao mobilizar tais características do teatrólogo francês,
que tinha no público o único juiz, Henrique Fleiuss idealiza o leitor comum com
Honnête Homme
: “figura modelar do século XVII, ‘aristocrata do espírito’, humilde,
cortês e cultivado, capaz de distinguir o bom e o mau, o falso e o verdadeiro” (NERY,
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Ver: (SOUZA, 2007, p. 89) e (GUIMARÃES, L., 2006, p. 92).