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fervorosa e dona de casa, era filha do conselheiro professor da Universidade de
Coblença (ANDRADE, 2011, p. 53). Henrique, ainda criança, mostrou aptidão para o
desenho e cursou Belas Artes, em Colônia e Dussedorf, e, depois, Música e Ciências
Naturais, em Munique, quando se tornou amigo e discípulo de Karl Friederich Phillipe
von Martius, famoso por seus estudos e expedições botânicas em terras brasileiras e
que mantinha relações próximas com a Corte Imperial e com o recém criado Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) , que reunia a elite intelectual brasileira.
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No dia 15 de julho de 1859, os três desembarcaram no Rio de Janeiro.
Henrique Fleiuss trazia em mãos carta de recomendação de von Martius ao imperador
D. Pedro II. O trio fundou, em 11 de janeiro de 1860, um estúdio de litografia e, no final
do mesmo ano, iniciaram a publicação do semanário
Semana Ilustrada
. No ano
seguinte, em função dos serviços de decoração externa da Exposição Nacional e da
realização de álbum alusivo ao evento, intitulado
Recordações da Exposição Nacional
,
a instituição ganhou o reconhecimento do Imperador e recebeu o título de Imperial. O
Imperial Instituto prestava, ao público em geral e ao governo, serviços variados que
incluía a produção de mapas, roteiros, plantas hidrográficas, livros, dicionários,
cartazes de propaganda, rótulos, álbuns, revistas científicas e publicações ilustradas.
Ao lado da
Semana Ilustrada
, merecem destaque alguns projetos importantes, caso da
Carta geral do Império
, coleção de vinte e nove vistas da Estrada de Ferro de D. Pedro
II, e a reprodução da obra
Prosopopéia
, de Bento Teixeira, de 1601. A empresa
recebeu menções honrosas em todas as exposições nacionais e nas internacionais
realizadas em Paris (1867), Viena (1873) e Filadélfia (1876) (GUIMARÃES, L., 2006,
p. 90).
Em função do sucesso alcançado e a amizade do Imperador, Fleiuss passou a
conviver com a “boa sociedade” da corte, ou seja, a “reduzida elite econômica, política
e cultural do Império, que comungava dos mesmos valores e comportamentos
modelados na concepção europeia de civilização”.
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Luis Guilherme Sodré Teixeira,
em texto sobre a história da charge no Rio de Janeiro, considera a relação de Fleiuss
com a ordem instituída um tanto curiosa, visto que a sátira, expressa pelo traço da
charge, caracteriza-se, normalmente, pela permanente oposição a todo poder
constituído (TEIXEIRA, 2001, p. 10). Essa aproximação de Fleiuss com o poder fez
com que sua revista fosse rotulada, por muito tempo, como porta voz do Estado, na
qual o humor teria apenas a função de entretenimento, sem contornos críticos, afinal,
suas páginas estariam em sintonia com o poder, os valores dominantes na sociedade
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O naturalista Karl Friederich Phillipe von Martius venceu concurso do IHGB, com o seu
trabalho
Como se deve escrever a história do Brasil,
feito pelo IHGB, texto de larga influência
na nossa historiografia. A respeito, consultar: (GUIMARÃES, M., 1988).
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Ver: (GUIMARÃES, L., 2006, p. 91).