A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 11

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REFÁCIO
Tania Regina de Luca
UNESP/CNPq
O conjunto de textos que se apresenta ao leitor compõe parte das pesquisas
que estão sendo desenvolvidas na Faculdade de Ciências e Letras de Assis, nos
cursos de humanidades, em âmbito pós-graduação.
Os dez artigos cobrem amplo período temporal, que se estende desde os
meados do século XIX até o presente, sendo de se notar, contudo, a evidente
predileção por periodizações bastante circunscritas, em consonância com a
especialização que atravessa a área. A diversidade temática é outro aspecto
marcante, como bem evidencia o índice da obra, e o esforço aqui é o de apresentar
uma possibilidade de leitura que articule o conjunto e permita alinhavar algumas
conclusões, circunscritas ao rol em apreço.
É de se notar que apenas um texto enfrenta desafio de ordem estritamente
conceitual e retraça os acalorados debates em torno do termo cultura popular, aceito
por alguns, questionado por outros, além de evidenciar, a partir de exemplos
concretos, as formas como o mesmo tem sido mobilizado pela historiografia brasileira.
A predominância dos impressos periódicos é muito marcante, uma vez que oito
colaborações (ou seja, 80%) privilegiam esse tipo de documentação, três dos quais
elegem títulos específicos como objeto e outras tantas recorrem aos jornais e revistas
como fonte privilegiada da pesquisa. No primeiro grupo estão duas publicações do
século XIX, que se valiam o termo ilustração em seus títulos: a relativamente efêmera
Ilustração Luso-Brasileira
, publicada na década de 1850 e que, como o nome bem
indica, tinha por objetivo incrementar as relações culturais entre os dois países,
separados havia apenas algumas décadas, e a famosa
Semana Ilustrada
, que circulou
por dezesseis anos ininterruptos e se constituiu num marco dos impressos dos
oitocentos, que consagrou a dupla Moleque e Dr. Semana, que nos permite revisitar a
sociedade fluminense da época. O século XX comparece com dois outros títulos:
A
Divulgação
, que circulou na Curitiba das décadas de 1940 e 1950, e que contribuiu
para a construção da identidade paranaense, e o importante diário
O Globo
que, entre
1974 e 1976, não só se posicionava ao lado do regime militar brasileiro como noticiou
com desconfiança a Revolução dos Cravos, que marcou o fim da longa ditadura
portuguesa. A despeito de lidarem com diferentes temporalidades e questionamentos,
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