A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 9

A
PRESENTAÇÃO
Este livro enfeixa textos de doutorandos, mestres e mestrandos que, em 2012,
apresentaram os resultados de suas pesquisas no VI Encontro do Centro de
Documentação e Apoio à Pesquisa Profª Drª Anna Maria Martinez Corrêa, que podem
ser agrupados em dois eixos temáticos que envolvem os impressos (jornais, revistas,
livros didáticos, etc) e a escrita de intelectuais e, também, temas cujos suportes são as
fontes orais e funerárias.
O primeiro eixo de reflexões traz assuntos variados dos séculos XIX e XX que
inquietam homens e mulheres tomando como fonte a imprensa periódica do Brasil
(discutida por vários autores) e de Portugal. Esses textos, com focos temáticos
específicos, trazem questões relativas à imprensa, seus protocolos e mecanismos de
produção, os circuitos percorridos até sua recepção pelo leitor, além da metódica para
sua abordagem. Nessas análises, os autores repassam o debate historiográfico e
teórico na abordagem desse meio de comunicação, arguindo os caminhos de sua
materialidade e as possibilidades de produção de conhecimento além de suas
formulações discursivas relativas aos temas de cada pesquisa. Incorpora-se nesse
debate texto que traz reflexões da produção de intelectual do século XIX, na França,
que em seus escritos deixam as marcas de certa escrita historiográfica que desafia os
contemporâneos para a compreender, assim como, os métodos e procedimentos
usados para desvendar questões de seu tempo. Ainda no âmbito dos impressos
aparece análise do islã em livros didáticos e os problemas decorrentes da falta de
conhecimento que evidencia erros de interpretação e também a manifestação de
preconceitos em relação à cultura e à religião islâmicas.
O bloco seguinte de textos amplia o debate ao tematizar assuntos que
sinalizam para o papel da ferrovia na construção do imaginário que exalta a
modernidade e os caminhos para sua apropriação; a reflexão sobre o campo popular e
os embates conceituais de paradigmas, do próprio conceito de “cultura popular”
enquanto campo ou não de reflexão e as fontes para essa reflexão; e o pioneirismo
londrinense inscrito nas lápides dos túmulos do Cemitério São Pedro que vai além do
tempo desses protagonistas e buscam inscrever o percurso anterior desses sujeitos no
próprio movimento das gerações, na tentativa de obliterar do esquecimento os seus
feitos, ao registra-los em seus túmulos transformados em monumentos de memória.
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