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Idealismo”); dos seus contos “A perfeição”, “O suave milagre”; do seu livro
Lendas de
Santos.
Podemos dizer que o autor Miguel Real ficcionaliza aqueles dois livros de
ensaios, na medida em que o narrador-personagem, Miguel Real, trabalha com a história
e conceitos da literatura portuguesa contemporânea e este situa a obra,
A Visão de
Túndalo por Eça de Queirós
, na última fase literária de Eça, fase considera humanista.
[...] hoje, dizíamos, assiste-se a um movimento ainda insípido de criação de um
Último Eça pós-modernista, relativista, perspectivista, nietzschiano, freudiano,
cruzador literário de planos históricos, assaz conforme com a teoria do “fim das
ideologias”, adepto,
avant la lettre
, de intuitos ecológicos e porventura
precursor de crenças religiosas californianas tipo New Age...Porventura todos
estes planos e conceitos, subsumidos na designação em moda de pós-
modernismo, não quererão semanticamente dizer mais do que o recoberto por
uma velha palavra já então em uso no tempo de Eça _ Humanismo. (REAL,
2006, p.127)
A literatura visionária da Idade Média apresenta um conjunto de textos em que a
viagem imaginária surge essencialmente conotada como a procura de conhecimento
espiritual, como uma metáfora sobre a procura de conhecimento.
A experiência
visionária, que ocorre em estado de vigília ou de êxtase, implica um processo de
purificação que geralmente se realiza através de viagens extraordinárias a lugares
transcendentes, onde se acede ao conhecimento e ao contacto divino.
Assim como na literatura visionária, a ação do romance termina com a
personagem Eça de Queirós experimentando suas visões, em êxtase, “com os olhos
fechados para o mundo, como se interiormente a si próprio se contemplasse. [...]
concentrado, de dedos parcamente trementes, rabiscou a letra maiúscula o título do
conto de que durante toda a noite iria escrever a primeira versão: A VISÃO DE
TÚNDALO.” (VTpEQ, p.163).
O surgimento, desenvolvimento e proliferação desta modalidade de narrativa
metaficcional vem contribuir para a possibilidade de exploração do signo poético,
tentando relatar o passado com plena autonomia de invenção. Graças ao alto nível
plurissignificativo, o discurso realiza uma missão dessacralizadora na releitura da
memória (Cf.ESTEVES; MILTON, 2007, p. 18).
Miguel Real ao escrever a metaficção historiográfica _
A Visão de Túndalo
_
coloca-se, de modo autoconsciente, entre o passado e o presente, questionando o