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Borges e do grupo fundador da revista modernista “Sur”, Miguel Real [personagem]
descobriu involuntariamente um manuscrito inédito de Eça de Queirós _ A VISÃO DE
TÚNDALO. Neste conto, Eça reescreve de um modo radical o conhecido manuscrito
medieval do mesmo nome difundido por toda a Europa durante a baixa Idade Média,
identificando a visão do Inferno com a visão da própria humanidade: o homem é o
centro e a totalidade do Inferno. Doña Mignon Alberta Juncal Laprida Durañona,
permite a publicação do conto de Eça com a condição de Miguel Real [personagem]
publicar igualmente, no mesmo livro, os dois únicos contos ditos ‘fantásticos’, escritos
por seu pai, Angel Juncal Laprida, hoje, depois da retirada do seu retrato do café Tortoni
e da morte de J. L. Borges, praticamente um desconhecido em Buenos Aires.
Curiosamente, Angel Juncal Laprida , em Paris, em convívio com Eça, Eduardo Prado e
Paulo Prado, foi visitado por um conjunto de visões premonitórias que se assemelham
às visões sofridas pelo próprio Eça, em Vila Nova de Gaia, na noite anterior à escrita da
primeira versão de A VISÃO DE TÚNDALO.”
Por meio dos cinco capítulos indicados no índice, percebe-se que o primeiro, “A
Descoberta” (42 p.) e o último, “Quando Eça escreveu A Visão de Túndalo” (32 p..),
são escritos pelo narrador/personagem, Miguel Real; no segundo _ “A Visão de
Túndalo” (20 p.), escrito pela personagem, Eça de Queirós, é reproduzido o respectivo
conto sob o mesmo nome; no terceiro, “Porquê o Ser e não o Nada”(20 p..) e o quarto
capítulo, “Diálogo entre um Cego, um Surdo e um Mudo” (18 p.), referem-se aos contos
escritos pela personagem, Angel Juncal Laprida.
No texto, encontram-se as convenções do realismo literário e da factualidade
jornalística, pois é acompanhado por fotografias das personagens referidas, que
adquirem o status de “marca registrada”, isto é, “[...] assegura procedência histórica ao
elemento objeto da representação ficcional _ personagem, acontecimento, instituição
[...] o designativo próprio com que deu entrada nos registros documentais.” (BASTOS,
2007, 87)
A cada início de capítulo, o leitor se depara com uma ilustração ou foto com a
respectiva legenda, que avaliza, documenta, dá foros de credibilidade à existência real
extra-texto das personagens e situações da ficção. No início do capítulo 1, página 09, é
colocada a foto de 1931, dos integrantes do grupo fundador da revista modernista,
Sur,
de Buenos Aires (Argentina). Na legenda (ver abaixo), alguns dos presentes na foto,